30.12.08

Top 10 - 2008

Como de costume, anualmente crio uma lista do que considero as dez melhores postagens da Insaminus. Logicamente a ordem não interessa muito... foi tanta coisa escrita que poderia criar uma outra lista... ou listar tudo... ou listar nada!

10º - A pessoa que faz a diferença - ser diferente estaria na moda?

9º - Hardcore - note que a nota gravemente se perde.

8º - 13 Letras - incoerentemente imprevisível.

7º - goodbye cold weather - adeus ao inverno... mas já tou sentindo falta!

6º - Vazão - esqueci...

5º - Gostos e Aflições - vice e versa.

4º - Guerra dos Sentimentos - cara, adorei esse post, demorei muito tempo pra escrever, mas ficou enooorme...

3º - Mundo dos Sonhos - mande lembranças.

2º - Atos - por que, porque, por quê, porquê?

1º - Lara e Julie - Um dos mais belos textos que escrevi. É uma homenagem às mulheres. É o encanto da incoerência. É brincar de paradoxo. É o curioso comportamento humano.

25.12.08

Natal com gosto de café

Cada pessoa tem uma visão do Natal, novidade nenhuma.
Eu comparo como tomar café. Há pessoas que amam e tomam bem quente. Outras tomam sem açúcar. Outras misturam com leite. Outras gostam que seja forte e amargo. Outras de chafé. Outras que comem com biscoitos, molhando a bolacha no líquido. Outras gostam de beber de dia. Outras bebem durante a noite. Umas gostam de tomar café sozinhas. Outras nem tanto. Umas tomam café acompanhadas. Outras gostariam de tomar café acompanhadas. Uns dizem que é de má qualidade. Outras dizem que não se fazem mais cafés como antigamente. Uns coam em bules, outras em cafeteiras. Há quem não bebem mas gostam do cheiro e, por último, há aquelas que odeiam!

Esse Natal que conhecemos é como o café! Torrado, moído, embrulhado, empacotado, carimbado, ofertado, vendido, coado e ingerido com um bom pedaço de panetone!

21.12.08

Os dois lados de um clima

Acho que pela primeira vez estou escrevendo no blog numa manhã de domingo. Ainda mais num domingo de sol, mesmo que tímido. Vários foram os dias chuvosos fazendo até mesmo de frio. Hoje é o início oficial do verão que curiosamente aqui no Rio sempre começa no início de novembro o grande calor que frita essa cidade. Mas esse ano as coisas foram diferentes. Esse ano as chuvas insistiram em cair.

O ano ainda não acabou mas 2008 foi para eu como o clima. A temperatura oscilou em momentos inesperados, inverno caloroso, ventania na primavera e um início de verão chuvoso. Assim como dois mil e seis foi um ano de mudanças, na área familiar, profissional e pessoal. Não sei se para melhor, mas sempre repito que toda mudança é sempre bem-vinda. A partir das más escolhas a gente vai ganhando a malandragem de depois decidir melhor em situações parecidas.

E como o clima não dá pra confiar muito, a gente aproveita os momentos de sol, mesmo tímido, para sentir algumas alegrias. Não, não estou fazendo uma retrospectiva, ainda... mas é como um velho hábito de se falar do tempo quando há um silêncio enorme entre as pessoas. Para entender basta apenas fazer uma analogia aqui na Insaminus.

28.11.08

Atos

Assim com tudo na minha vida os textos que escrevo aqui oscilam entre o céu e o inferno. Entre o escuro e o claro. É um paradoxo que me cerca que me faz sentir assim. Os extremos me perseguem... as letras me perseguem... os dias de chuva também. Há um eco em minha sala em minha sala.

Não, eu não estou escrevendo em primeira pessoa... odeio fazer isso, ainda mais no tempo presente. Gosto do Pretérito Perfeito e odeio o Futuro do Pretérito. Porque, meu Deus, são tantos tempos? Porque diabos ainda não pensei nisso antes? Se pensei, não senti. Se senti, não vivi.

Pensar, sentir, viver. É provavelmente a seqüencia de atos cometidos por minha alma momentos antes de escrever em meu blog.

21.11.08

Acaso com o descaso

Ando um pouco impaciente... meio sem saco também!

Tinha (e ainda tenho) alguns posts legais pré-prontos, mas minha total falta de paciência pr'as coisas me impedem d'eu publica-los. Acho que preciso de um astral melhor para poder termina-los bem. Tem até um legal sobre a 'consciência negra', mas arquivei!

É... impaciente com o tempo e com várias coisas rotineiras que vem me irritando. Tem a ver com amigos, trabalho, estudos, Projeto Final e Natal chegando.

Ando sem saco pras coisas que nunca terminam. E ver aquilo que quero que comece logo se afastar ainda mais. As vezes acho que estou sendo vigiado. Porquê as pessoas gritam e choram pra chamar a atenção? É como numa conversa em que duas pessoas falam ao mesmo tempo sem prestar atenção no que o outro está dizendo. Querem ser ouvidas e não ouvem!

To irritado por ver certas coisas. Ver que tá errado e eu não poder fazer nada! Gostaria de não saber... não posso também saber de tudo!

Ver tanta coisa fútil, inacabada, arrogância, despreparo, descaso, bagunça e muita incompreensão me desperta o maior dos incômodos em um ser humano: a desmotivação.

7.11.08

Mundo dos Sonhos

Muito já se falou sobre mundos espirituais, mundos paralelos, mundos imaginários e mundos de outras partes do universo. Algumas pessoas dizem já terem vivido experiências habitando-os e até se comunicando com seres presentes à essa outra dimensão. Nenhum desses mundos foi provado cientificamente. O que realmente se sabe é que nada se sabe.

Porém há um mundo que a gente pode afirmar sim com certeza a sua existência. Que todos já percorreram, uns com mais outros com menos freqüência. O mundo dos sonhos. Algo completamente surreal, disforme, nebuloso e indecifrável... mas real.

O sonho é a imagem que recebemos desse mundo. É o canal de comunicação. Quando adormecemos sonhamos e recebemos essas informações (sons, imagens, toques e até cheiro!). Encontramos pessoas conhecidas. Encontramos pessoas que nunca vimos na vida, mas que são familiares. Lugares nunca vistos antes. Presença da gravidade. Ausência da mesma quando voamos nos sonhos. Nos apaixonamos. Nos enfurecemos. Sentimos medo. Sentimos vergonha. Somos poderosos. Somos impotentes. Mandamos no sonho. O sonho nos manda.

Todos os sentimentos estão presentes. Assim como o cotidiano da vida real. Também mentimos. Traímos. Transamos. Roubamos. Abraçamos. Conversamos. Comemos. Bebemos. Estudamos. Trabalhamos. Corremos. Voamos. E até mesmo matamos. Não há noção de tempo no sonho... só o espaço. O tempo se repete. Sonhos se repetem. Até mesmo você comete o mesmo erro diversas vezes em sonhos diferentes.

A boa notícia é que você não será cobrado no mundo dos acordados as besteiras que você cometeu no mundo dos sonhos. Assim como você não será homenageado das coisas boas que fez por lá. Ou seja, não há vinculo entre os dois mundos. Não há troca de informações. Não... não adianta. Não tente trazer aquela pessoa que ama você nos sonhos para o mundo real. Também não adianta você levar seus problemas daqui para o mundo dos sonhos e deixa-los lá. Somos tão egoístas que desejamos não acordar em sonhos bons, sem nem ao menos entender o que se passa do lado de cá.

Esquece. A única bagagem de informação entre os dois mundos é o seu cérebro. Você tocará, sentirá, cheirará... mas não terá poder nenhum em trazer ou levar algo entre os dois mundos... só sua experiencia, suas histórias. MAS nós, do mundo dos acordados, temos uma vantagem. Temos a capacidade de saber a existência deste mundo em que a recíproca não é verdadeira.

Deitamos, adormecemos e a maioria das vezes sonhamos. Quando estamos por lá não sabemos do mundo dos acordados. Perceba que no momento que você se dá conta que há um mundo aqui fora (dependendo do ponto de vista) você é expulso deste lugar sombrio quase que imediatamente.. e acorda.

O mundo dos sonhos não sabe, ou não quer saber, o que existe aqui fora. Há uma razão para isso. Embora haver semelhança entre os dois mundos, há uma razão para que tenhamos tanta informação de "coisas que por algum motivo nos fazem sentido". O sonho não é somente um telão de cinema com imagens e sons para nos distrair enquanto dormimos. É mais que isso... e creio eu que a verdade está justamente naquilo que não conseguimos trazer de lá, nos sonhos que não conseguimos lembrar.

27.10.08

Gostos e Aflições

Gosto de falar sobre as estranhezas das pessoas, principalmente as minhas.
Não gosto é de alugar os ouvidos das pessoas, então eu abuso do meu blog... coitado.

Gosto de falar sobre música, principalmente as músicas estranhas, elas são menos enjoativas e perduram mais.
O que eu não gosto é forçar ou ser forçado a escutar uma música.

Gosto de brincar com os números, principalmente os números repetidos. Eles me perseguem.
Não gosto de acreditar muito neles... me assustam.

Aprecio as boas conversas entre os amigos. Na descontração os papos nunca são jogados fora.
Não aprecio conversas paralelas e sem nexo. Ou má interpretações. Ou deduções de acontecimentos não verdadeiros.

Gosto de acreditar num grande amor. Mesmo sabendo (ou não) da sua (in)existência.
Me aflige em não encontrar um grande amor. Ou me dar conta de saber que o perdi.

Gosto de encontrar as coisas boas e fazer bom uso delas. De compartilhar, trocar valores e crescer junto com todos.
Odeio quando me trazem coisas ruins. Principalmente quando eu não estou preparado para enfrenta-las.

Gosto de entender as coisas e saber por onde caminho. Há tantos caminhos a seguir, há tanto o que fazer.
Me aflige o fato de poder perder o meu caminho. E, pior, saber que não há mais nada o que possa ser feito.

[ post totalmente inspirado ouvindo The Shins, Bloc Party, Built to Spill e Blind Melon ]

26.10.08

Últimas Notícias

* Diante das incontáveis promessas de campanha, Eduardo Paes já pensa em reeleição

* Gabeira preocupado com resultado do Ibope: "Opa!"

* Paes confiante com pesquisas do Ibope: "Upa!"

* Criança de cinco anos não aceita esperar até o Natal para receber a boneca da Barbie prometida por Eduardo Paes

* Moradores da Zona Sul protestam, em Búzios, a vitória de Paes

* Velhinha agradece a Paes pela dentadura recebida como promessa de campanha. Validade por 4 anos.

* Gabeira acompanha apuração fumando o tênis.

* Operários de Fábrica de Pás da Zona Oeste se confundem ao votarem nas urnas

* "Eu quero Paes pra mim!", diz menor abandonado

* Pinóquio à Paes: "Esse eu garanto!"

* Paes à Pinóquio: "Você é um bom menino!"

* Paes promete lançar novo "Jogo da memória" para o Natal.

* Correção: Paes promete lançar livro "Promessas de Campanha" para o Natal

* Eleitores do Rio divididos: Vai dar Paes, Gabeira ou praia em Búzios?

* 20% optaram pela praia

* Sérgio Cabral, que não descobriu o Brasil, descobriu um Feriado fajuto na Segunda-Feira.

* Paes sobre sua campanha milionária: "Nem BigBrother paga melhor!"

* BOMBA! Diante das promessas de Paes, autoridades de Londres cedem Olimpíadas de 2012 para o Rio.

* Abelhas invadem ouvidos de 49.17% da população da cidade do Rio de Janeiro

* Curiosamente 49.17% da população do Rio de Janeiro começam a sapatear misteriosamente.

* Moradores da Zona Oeste para Zona Sul: "Vocês estão viajando em votar no Gabeira!"

* Gabeira incentiva o projeto "Urna Eletrônica no Celular". Cariocas em Búzios agradecem.

* "Rosinha em Campos e Eduardo Paes no Rio. Passamos da porta do inferno!" - diz eleitora Aninha

* Beira-Mar revoltado: " Com César Maia, Conde, Sérgio Cabral, Garotinho, Rosinha e Eduardo Paes, não dá pra competir no Rio de Janeiro"

* "Fui apenas o intérprete da mensagem do povo do Rio de Janeiro não apenas a seus políticos, mas para os políticos de todo o Brasil" - diz Paes (oficial).

* "Por isso está essa merda!" - diz eleitor (eu) revoltado (quase oficial)

* Dunga aliviado com promessa de Paes: "O hexa é nosso!"

* Paes é curado do problema crônico na coluna ao realizar cirurgia no nariz

* Gabeira, calmamente, agora vai fumando o paletó e já pensa nas eleições em 2012

* Crise Imobiliária: Bolsas no mundo inteiro voltam a operar em alta com promessa de Paes: "Prometo casas populares para todo mundo!"

* Fernanda Torres ao ver resultado final: "O que é isto, companheiro?"

* Jandira para Paes: "Te aborto! Quer dizer... te adoro!"

* Lula para Paes: "Esse é 10! Quer dizer... 9"

* César Maia para Paes: "Minha cria!"

* Sérgio Cabral para Paes: "Me deve uma segunda-feira"

* Funcionário público para Gabeira: "Foi mal! Pô, feriadão, praia... tentador!"

* McCain para Paes: "Vai uma batatinha?"

* Paes desconversa sobre suposta compra de votos: "Não dá pra falar agora... tá na hora da merenda!"

* Lilian Sá sobre panfletos contra Gabeira: "Só foram 1, 2, 3, 4..."

* Busca "Eduardo Paes" no Google: "você quis dizer... marqueteiro?"

24.10.08

Gabeira 43

Meu blog não é imparcial. Deixo bem claro as minhas opiniões aqui. Estou farto de campanhas milionárias, promessas e promessas, musiquinhas e propostas mirabolantes que nunca são cumpridas.

Abaixo um e-mail que resume bem o meu sentimento perante o 2º turno das eleições para prefeito daqui do Rio de Janeiro:

"Meu caro amigo,

Quantas vezes você assistiu candidatos prometerem e se comprometerem? Quantas vezes você os viu cumprindo o que afirmaram na campanha? Campanha é uma coisa e governar é outra, diriam alguns. Estou cansado de ouvir isso.

Confesso que levei muito tempo para absorver a magistral frase do falecido governador Mario Covas: “no final de contas, eleição é uma disputa de carater.”

Esta frase do nosso saudoso político santista, conhecido pela sua seriedade no trato com o bem público e pelo respeito ao cidadão, se aplica agora quando vivemos um momento em que o marketing é capaz de colocar na boca de qualquer político a mensagem que é conveniente para o momento.

Assim sendo, com dinheiro para pagar uma boa pesquisa do que o eleitorado quer ouvir ou quer se seja feito, com mais dinheiro para pagar um iluminado marketeiro para traduzir em uma forma retumbante e cheia de credibilidade o que os eleitores querem ouvir e na forma em que querem ouvir, um político bisonho e sem expressão se torna carismático e aparece bem na fita, iludindo o eleitorado.

Na eleição do Rio, eu vou votar como Mario Covas – vou votar no carater, no que eu conheço e não tenho dúvidas pelo que já demonstrou e pelo passado que pode ser mostrado a qualquer um sem medo de ser criticado por ter enganado a quem quer que seja. No passado, muitas ações podem ter sido feitas e que hoje merecem críticas, mas sempre foram ações coerentes com suas convicções e nunca objeto de enganação ou de busca de vantagem pessoal.

Por isso, meus amigos eu vou de Gabeira e peço seu voto para ele."

19.10.08

A Guerra dos Sentimentos

Era uma sala grande. Mais ou menos do tamanho de uma aula de aula. Os sentimentos estavam quase todos ali para uma reunião. Conversando e discutindo sobre coisas da vida, sobre como os humanos se portavam perante suas doses químicas nas veias sanguíneas e sobre a importância da existência dos mesmos. Eram todos vaidosos e cada um defendia sua importância. Até que entrou pela porta, cheio de si, o desprezo.

- Desafio qualquer um aqui dentro sobre qual sentimento é o mais predominante entre os humanos. O mais forte. O mais resistente e o mais maligno. - disse. Curiosos, os demais sentimentos procuraram saber do motivo do desafio. O desprezo prontamente respondeu:

- Não acredito que alguém aqui consiga ser mais forte e mais duradouro que eu. Eu sobreponho todo e qualquer tipo de sentimento aqui dentro. - completou o desprezo. Alguns dos sentimentos ficaram alvoroçados, outros preferiram não se meter, mas logo o amor tomou a palavra.

- Eu sou duradouro. Eu sou imortal. Sobrevivo até mesmo depois da morte. - disse.

- Eu não acredito em você. Você tem várias caras. Não tem definição. Não dorme, não come, não anda. Uns dizem seu nome em vão. São falsos com você mesmo. Te confundem com paixão, com avareza, com ciúmes. Pois você não tem forma. Na luta dos sentimentos é o primeiro a morrer. Você, no coração das pessoas, é o mais fraco. O mais ilusório. Você é utópico. Você, amor, é inexistente. - devolveu o desprezo. Diante destas palavras o amor caiu em prantos... e foi afogar as lágrimas ao lado do seu melhor amigo, o ódio.

- Alguém mais? - perguntou o desprezo.

- O que mais faz estrago entre as pessoas sou eu. Sou benevolente as vezes, mas com certeza sou o sentimento mais temido de todos. - disse a solidão.
- Vejo que você não haje sozinha. Para que você existe deve existir a arrogância. As pessoas que são arrogantes encontram você. É através da arrogância que você existe. Todos ficam esperando por um pouco de atenção, mas não prestam sequer a vontade de trocar valores entre elas. Na verdade, solidão, para que você exista deve haver inúmeros sentimentos ruins como você. Desde a arrogância, o orgulho, o preconceito... inúmeros sentimentos te alimentam... e você não é nada sem eles. Sem eles você não existe. - disse o desprezo. A solidão ficou paralisada. Imóvel. Ninguém foi ajuda-la. Sozinha ela cai no chão em estado de choque.

- Vejo que ninguém é páreo à minha existência. - debochou o desprezo.

- Eu trago o que todos buscam. Os humanos me querem. Eu sou o motor da vida deles. É em mim que depositam todas as suas apostas. Sou o norte. Sou o que chamam de felicidade. - disse a felicidade. O desprezo riu compulsivamente. Debochadamente. Desconcertadamente.

- Você!? Não me faça rir. Para aqueles que te procuram, procuram porque são egoístas. As pessoas estão fechadas em seu mundinho particular, em seu pequeno espaço de terra e dizem que isso é a felicidade. Você morre na primeira turbulência que uma pessoa passa. Em questões de segundo eu posso levar a pessoa do céu ao inferno. Você é frágil. É quase inalcançável. E, quando alcança, a sua existência é tênue. Diga-me, se todos estão à sua procura, porquê você insiste em se esconder? Outra coisa, porque você só bate à porta das pessoas erradas? - perguntou o desprezo.

De tanto pensar numa resposta, a felicidade cansou-se e sentou-se.

- Você é muito cheio de si, desprezo. Eu não acredito em seu desafio. Sou ou pior dos sentimentos. Eu domino todos os corações humanos. Sou o mais temido. Eu sim sou o motor deste mundo. As pessoas trabalham, comem, se divertem, se relacionam por temerem a mim. Eu trago inúmeras aflições aos corações das pessoas e com isso eu controlo o mundo. Controlo a medicina. A estética. O dinheiro. O progresso. - disse o medo.

- Não é o mais forte. As pessoas temem mais a mim. Para quem tem desprezo pelas coisas não faz jus ao medo. - simples assim disse o desprezo. O medo sem reação tentou se esconder de temor.

- Vejo que não há sentimento à minha altura. Quando há meu sentimento no coração das pessoas ele é predominante. Em quem despreza e principalmente em quem é desprezado.

Os sentimentos ficaram quietos, aterrorizados. Os bons sentimentos tentavam se unir no canto da sala, mas a impaciência não deixava que estes se organizassem. A vergonha quis se defender mas, como sempre, não teve a ajuda da sua amiga coragem. A dor, incapaz, só gemia. A tristeza, sempre inconstante, tentava ganhar forças nos braços da saudade. Parecia o fim. O desprezo teria razão... no coração das pessoas realmente ele era o sentimento mais poderoso. Mais mortal. Mais maligno.

Em meio a repentina glória ao desprezo, eis que entra na sala uma jovem de cabelos cumpridos. Nem alta, nem baixa. Nem gorda, nem magra. Nem branca, nem negra. De olhos e cabelos verdes.

- Como sempre, atrasada. - disse o desprezo. E completou: - tenho boas notícias. Eu sou o sentimento que predomina nos corações dos humanos. Sou o mais terrível. O mais maligno. O mais mortal. O mais temido. Ninguém conseguiu provar o contrário. Ficou bem claro aqui.

- Eu reconheço sua enorme força. Você é como um relâmpago. É um clarão forte de energia acumulada que se propaga pelos ares e depois some, impunemente. Você corta os corações das pessoas e não se importa com isso. Você destrói a bondade das pessoas. Você abre margens para a intolerância. Você finge adormecer... mas ao agir é como uma faísca em um mar incandescente. E quando menos as pessoas percebem há o seu tremor, há o trovão, a voz da sua ira. Mas saiba, desprezo, a mim você não assusta. Há movimento lá fora. Por mais que você convença as pessoas do contrário, eu sempre estarei com elas. Sabe porque? Porque mesmo que você mate todos os sentimentos desta sala a mim você não vai conseguir matar. Eu tenho inúmeros nomes... mas sou um único sentimento. Para quem acredita em mim você não vale nada. Tenho pena de ti e daqueles que lhe mantém vivo no coração. Mas saiba que para todos, até mesmo para aqueles que sofrem com sua estadia, ao pronunciar um único nome você já era. Tenho nome de fé. De compaixão. De misericórdia. Tenho nome de esperança.

Sem ter forças, o desprezo viu o seu fim diante da imensidão do verde da esperança. Derrotado se ausentou da sala.

- E vocês – completou a esperança aos demais sentimentos – cuidado com os poderes que vocês possuem. Não há sentimento bom. Não há sentimento mal. Não tentem ser uns melhores que outros. Vocês existem por se complementarem. Usem os poderes de vocês na dose certa e viverão em harmonia. Mas saibam que se algo der errado, será meu nome que irão chamar. E aquele que me chamar e acreditar em mim esterei pronta para acabar com qualquer um de vocês. - e ainda completou:

- E você, amor... a quem chamam de duradouro. Não há problema de ser indecifrável. Mas seja verdadeiro. Na minha ausência você será o síndico da casa. Será o síndico nos corações das pessoas.

28.9.08

Acontecimento da vida... e da morte

Não sei bem como acontecem as coisas, mas que acontecem de alguma maneira, isso acontece. Imagine você no meio do encontro da água doce de um rio com o mar. Qual sabor teria a água? Que tipo de vida há no local? Seres ambíguos à água doce e salgada?

O acontecimento da morte também me traz questionamento igual. Alguém pode morrer mais ou menos? Em que momento a gente pode afirmar com certeza "pronto, agora morreu"?. Se morreu, porque choques elétricos ressuscitam pessoas algumas vezes?

Já que falei de morte, por que não de vida? Quando nascemos não necessariamente passamos a estar vivo a partir deste momento. Pelo menos uns sete meses estamos vivos dentro da barriga de uma mulher. Mas, então. Em que momento podemos dizer "tá vivo"? Na hora da fecundação? Na hora que o bebê começa a se movimentar? Já parou pra pensar que as pessoas são mais velhas sete a nove meses? Porque já estávamos vivo... mas a partir de quando? "Where soul meets body"?

Bom, como eu não sou biólogo ou geógrafo, nem coveiro, nem obstetra, deixo minhas dúvidas aqui.

24.9.08

goodbye cold weather

Chegou a primavera...
E com ela o cheiro das flores e o vento nos campos.
Chegou a estação das mãos dadas,
Do lual aos sábados, do cinema aos domingos
Caem as últimas gotas do inverno, que inferno, e seus graus de gelo
Vem as primeiras notas da estação, que até então houve silêncio o tempo inteiro

Cores predominantes, listras, xadrez, bolinhas e, por que não, o preto?
Sabores da primavera, que são elas, das belas e feras das panelas
Verão que o verão é mais que distração
Saudades sentirão e não irão sequer imaginar o doce da solidão

Restam apenas as pétalas sem ter medo do que vier
Restarão apenas as últimas pétalas... bem me quer... mal me quer...

17.9.08

Vazão...

Ei... eu tenho uma boa letra pra você...
daquele cantor... daquela música que começa assim... "nã naaannannãannn"
que tocaram naquele show que não fomos...
que entrou pra história...
que escrevemos no caderno juntos...
que peguei você chorando escondida pelos cantos da casa ao ouvi-la no rádio...
aquela... lembra não?
que acreditamos ser a nossa música...
não tínhamos uma música? como não??
era aquela... daquela banda...
tinha uma parte que entrava o solo da guitarra...
tinha no disco que eu dei pra você...
mas o disco foi quebrado...
baixei em mp3... mas foi deletado...
poxa...
era tão bonita...
era nossa...
não lembra?
tsc, caramba...
nem eu.

19.8.08

Lara e Julie

Lara troca a noite pelo dia, Julie o dia pela noite
Lara gosta de jogar bola com os meninos, Julie gosta de dar bola para os meninos
Lara é meio cheinha, Julie sempre precisa perder 2kg
Lara fala dormindo, Julie dorme enquanto fala
Lara fala o que pensa, Julie fala sem pensar
Fiel abana o rabo para Lara, Fifi é afagada por Julie
Lara bate os dentes no inverno, Julie range os dentes no verão
Lara sempre pega resfriado, Julie conjuntivite
Lara é fera com números na escola, Julie é fera com números no shopping
Lara não lembra o último livro que leu, Julie coleciona livros de consagrados escritores
Lara gosta do menino da rua do lado, os meninos da rua do lado gostam da Julie
Lara deseja beijar amanhã, Julie não sabe quem a beijou ontem
Lara deseja casar e ter filhos, Julie deseja ser aeromoça

2.8.08

Modinha ou falta de criatividade? 7 pessoas de Coringa numa festa à fantasia.

28.7.08

59

- Ô meu filho! Você tá tão magrinho. Vê se toma umas vitaminas pra engordar um pouco.

- Vamos moçinho, são seis horas já. Levantando! Vamos, vamos, vamos!

- É aonde essa festa? Vai direitinho e volta com Deus, ta?

- Aahh... sua mãe anda tão cansada... deixa que depois eu resolvo.

- Você só pode ter puxado ao traste do seu pai. Sempre me interrompe quando estou falando.

- Você já fez sete anos. Não vou comprar um carrinho de controle remoto pra ficar esquecido no armário.

- Parabéns meu filho. Que Deus ilumine sua vida. Te proteja e te guarde. Que os estudos que tanto lutei para que tivesse te levem a vitória. Sua mãe te ama!


Feliz Aniversário, mãe!

22.7.08

Ratos

"O rato correu alguns metros e então, com um pulo, o gato estava sobre ele, golpeando-o severamente com a pata de garras finas, enquanto o prendia com outra pata.
— Adoro essa parte — exclamou o gato alegremente. — Quer me ver fazer de novo?
— Não — respondeu Coraline. — Por que faz isso? Você o está torturando.
— Mmm — disse o gato. Deixou o rato sair.
O rato deu alguns passos cambaleantes e confusos e então começou a correr. Com um golpe de sua pata, o gato arremessou-o no ar, pegando-o com a boca.
— Pare!— gritou Coraline.
O gato deixou o rato cair entre suas duas patas dianteiras.
— Alguns — disse o gato suspirando, em um tom de voz tão macio como seda embebida em óleo — sugerem que a tendência dos gatos a brincar com suas presas é misericordiosa — afinal, permite ao estranho lanchinho corredor escapar de vez em quando. Quantas vezes acontece de seu jantar escapar?
E então, pegou o rato com sua boca e levou-o para a floresta, atrás de uma árvore.
Coraline caminhou de volta para a casa."

Coraline - Neil Gaiman

17.7.08

Provérbio chinês

Em eminente lançamento dos jogos olímpicos, passeando pela grande rede encontrei em um site vários provérbios chinêses... eis alguns que mais me chamaram atenção:

"A língua resiste porque é mole; os dentes cedem porque são duros."

"Cem homens podem formar um acampamento, mas é preciso uma mulher para se fazer um lar." (uowwnn!)

"Difícil é ganhar um amigo em uma hora; fácil é ofendê-lo em um minuto." (o/)

"Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida."

"Longa viagem começa por um passo."

"Jamais se desespere em meio as sombrias aflições de sua vida, pois das nuvens mais negras cai água límpida e fecunda." (mas chove, ein?)

"O grande homem é aquele que não perdeu a candura de sua infância." (então eu devo ser um graaaaaande homem... shsusashahahahahaha)

"Se o vento soprar de uma única direção, a árvore crescerá inclinada."

"Se quiser derrubar uma árvore na metade do tempo, passe o dobro do tempo amolando o machado." (anh?)

"Se você quer manter limpa a sua cidade, comece varrendo diante de sua casa." (esse ditado deveria ser impresso nos pacotes de supermercados daqui do Rio de Janeiro)

"Um homem feliz é como um barco que navega com vento favorável." (bom... falta só o vento)

"A gente todos os dias arruma os cabelos: por que não o coração?" (uhuull)

"Visão sem ação é sonho. Ação sem visão é pesadelo." (...)

"Diga a verdade e saia correndo." -- Provérbio Iugoslavo (ahahahhahahahaahahhhahahaahahahhahahaaa... tah, tudo bem... não é chinês... mas é muuuuuuuuuito irado esse!!)

16.7.08

Três notas...

Tenho andado distraído
Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso
Só que agora é diferente
Estou tão tranqüilo
E tão contente...

Quantas chances desperdicei
Quando o que eu mais queria
Era provar pra todo o mundo
Que eu não precisava
Provar nada pra ninguém...

Me fiz em mil pedaços
Prá você juntar
E queria sempre achar
Explicação pro que eu sentia
Como um anjo caído
Fiz questão de esquecer
Que mentir prá si mesmo
É sempre a pior mentira...

Mas não sou mais
Tão criança
A ponto de saber tudo...

Já não me preocupo
Se eu não sei porquê
Às vezes o que eu vejo
Quase ninguém vê...

E eu sei que você sabe
Quase sem querer
Que eu vejo
O mesmo que você...

Tão correto e tão bonito
O infinito é realmente
Um dos deuses mais lindos
Sei que às vezes uso
Palavras repetidas
Mas quais são as palavras
Que nunca são ditas?...

Me disseram que você
Estava chorando
E foi então que eu percebi
Como lhe quero tanto...

[Quase Sem Querer - Legião Urbana]

12.7.08

e medos foram feitos para serem enfrentados...

6.7.08

6, 7, 8

degraus... foram feitos para serem pisados.

1.7.08

Ondas...

Nunca fiz isso aqui antes, mas senti vontade de listar minha playlist atual.

The Killers - Believe Me Natalie
Cat Stevens - Trouble
Rita Lee - Ovelha Negra
Elis - Alo, Alo, Marciano
The Who - Behind Blue Eyes
Editors - Blood
Porcupine Tree - Hatesong
Death Cab For Cutie - Soul Meets Body
Blur - There's No Other Way
The Breeders - Divine Hammer
U2 - New Year's Day
Joy Division - Love Will Tear Us Apart
The Vines - 1969
REM - The Great Beyond
The Killers - All These Things That I've Done

22.6.08

Até aqui

Fui fazer uma das últimas provas na minha vida de universitário, e no decorrer da prova por alguns instantes passaram por meus olhos todos os anos da minha vida acadêmica. Percebi o quão diferente eu era no primeiro dia de aula. Fiz a prova. Entreguei. E fiquei torcendo para tentar tirar 7,5 e poder passar na matéria.

Não sei se é uma mania feia, mas sempre fico viajando em meus pensamentos quando estou seguindo pra minha casa no final do dia. Desejei ter estudado mais. Ter me dedicado mais. Ter feito mais contatos com professores, amigos, diretores, profissionais da área para facilitar minha entrada de vez no mercado. Mas as coisas foram acontecendo de forma mais árdua e demorada. Frustrei-me muitas vezes. Decepcionei-me com uma série de coisas. Alegrei-me sim por ter o privilégio de estudar, trabalhar e dedicar-me a algo que eu gosto muito... e ainda ganhando por isso.

Pelo menos no final consegui transformar minha mediocridade em números maiores. Pelo menos no final consegui amadurecer em certos aspectos e perceber que ainda preciso sim melhorar (e muito) em partes deficientes dessa minha vida louca profissional. Agradeço (e muito) a toda e qualquer pessoa que me ajudou a trilhar até aqui, principalmente a quem disse para eu “nunca desistir dos meus planos” no momento do grande hiato.

Mas ainda não acabou. Há o projeto final. Não vou dizer que será a última barreira a ser vencida. Mas o projeto final sintetiza tudo o que vivi nessa fase. Estou preparado... ainda mais sabendo que tirei 9,9 na prova, riscado, escrito um 10 em baixo gentilmente pelo professor.

19.6.08

Piadas Infames

Bom... já que recebi a fama de contador de piadas infames, dedico aqui no meu blog o espaço para dizer algumas delas. Logicamente não vou identificar quais são as minhas.

:p

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"Você sabe qual é o contrário de volátil?
Vem cá sobrinho."

"Tá... tudo bem que ninguém é de pedra, mas o homem é de ferro e o surfista é prateado."

"Arroz, unidos, jamais serão comidos!"

"Você conhece a piada do fotógrafo?
Ainda não foi revelada."

"Como se faz omelete de chocolate?
Com ovos de páscoa!"

"Existia um quibe... e ele andava triste, pois se chamava Zarro!"

"Porque não é bom guardar o quibe no freezer?
Porque lá dentro ele esfirra."

"Se não me falha a memória, no momento eu não me lembro!"

"Estréia de um novo filme: Sábado 14 - o dia seguinte"

"Na night, uma tartaruga chega pra outra.
- E aê, turta? Vamos tirar uma casquinha?"

"Em terra de morcego, andorinha dorme de cabeça para baixo."

"Em quantas partes se divide o cérebro (I) ? - Em 3: cé-re-bro"

"Em quantas partes se divide o cérebro(II) ? - Depende do tamanho da cacetada!"

"O que um tamanduá respondeu ao outro? - Só se for de canudinho!"

16.6.08

Sentido Ausente

Ultimamente coisas estranhas estão acontecendo comigo. Algumas não muito boas. E sempre que possível eu coloco a culpa no cosmos. Realmente dá vontade de rir quando listo as mais curiosas e mais "ilusitadas" situações que tenho vivido nos últimos dias. E, desta vez, literalmente fiquei cego por 4 dias. Foi de repente. Perdi a visão, e o mundo escureceu-se.

No primeiro dia foi aquele impacto. Esbarrava em tudo tentando caminhar pela casa. Olhos ardendo. Vontade de gritar. "Estou perdendo minha prova de Finanças", "culpa daquela vizinha que jogou 'creolina' na rua p'ra 'detetizar' o caminho". Sou alérgico, alérgico a qualquer produto que contenha ácido sulfídrico.

Qualquer fiapo de luz me ofuscava. As frestas de luzes que saíam da porta fechada me atormentavam. Até o visor do celular me levou aos gritos de dor na manhã do segundo dia quando fui ver que horas eram. Desesperado, esperando as vistas melhorarem pelo menos um pouco, me preparava para ligar p'ra minha médica. Até que de repente, a magia aconteceu.

Percebi algo diferente comigo. Deixei a televisão sem brilho e, sem perceber, eu "assisti" a um filme inteiro apenas ouvindo os sons e os diálogos. Levei apenas alguns minutos para decorar todos os botões do meu controle-remoto, algo que não tinha feito até recentemente.

Eu conseguia identificar todos os objetos que minha mãe manuseava na cozinha, apenas ouvindo o barulho. Comecei a sentir como nunca o cheiro da comida sendo preparada. Eu podia adivinhar cada ingrediente do almoço apenas pelo olfato. O paladar, apurado como nunca, me fez identificar melhor os detalhes que eu não "enxergava" ao saborear antes.

E, a noite, estava afim de ouvir algumas músicas minhas, entre elas algumas clássicas. Aumentei o volume do meu "ampli" já esperando algo diferente. E foi o que aconteceu. Conseguia perceber com clareza cada nota, cada acorde, cada bemol, cada detalhe da melodia. Passei a gostar até mesmo daquela música que não "via" graça nenhuma. As ondas sonoras pairavam pela casa escura.

Já nos últimos dias, tinha o mapa da minha casa inteira na mente. Sabia ir da cozinha ao banheiro em segundos. Lógico, que tropecei numa cadeira no meio da sala. Com a canela doendo, pensei "mudaram de lugar durante a noite".

No último dia comecei a sentir saudades. Saudades das cores. Parecia que tudo fazia sentido com elas. E isso não dava p'reu imaginar com olhos fechados. É realmente difícil imaginar o azul, amarelo, verde, vermelho etc. A cor é o elemento principal dos sentidos. Até que, enfim, elas retornaram como nunca na manhã do quinto dia. E fui dando adeus ao preto.

Caminhando pela rua, com um sorriso idiota no rosto, diante de muito barulho, fumaça dos ônibus, gritaria, notícias sensacionais nos jornais, buzinas, sirenes... comecei a fazer parte novamente deste mundo cinza. O sorriso se desfez, meus olhos se fecharam... tentando não acreditar no que eu estava vendo... tentando acordar desse mundo sombrio.

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Texto publicado por minha pessoa no blog Segredo Social em Setembro de 2007.

Um pouco grande, mas gostei tando que trouxe à Insaminus.

13.6.08

13 Letras

Sou fanático por números e nunca escondi isso. E tenho uma certa admiração pelo número 13. É um número que me passa uma certa instabilidade. Falta alguma coisa. Não sei o que é. Falta decifra-lo.

É incompleto, incompreensível. Mas gosto das coisas incompletas. O inacabado me estimula a continuar construindo. O incompleto me traz a sessação de querer mais. Gosto de ver um quebra-cabeça faltando apenas um peça. É infalso, falta equilíbrio. Ouvir aquela música que termina sem um belo desfecho. Ter aquela sensação estranha ao subir uma escada rolante quebrada. E de não tomar aquele último gole do excelente vinho na taça.

Esse número representa a fuga do previsível, do comum, da rotina. Gosto de histórias mal acabadas. De finais incertos. Lembro que final incerto não necessariamente é o final surpreendente, pois este todos já esperam acontecer. As letras do filme sobem e sempre há um extra a ser visto. Gosto dos extras, gostos das letras, gosto das treze letras que compõe um final feliz.

Crendices ou não, 13 pode até ser um número como qualquer outro. Mas tens traços de incoerência, falta de capricho, inconsistência e uma doce e humana hipocrisia que nos cai tão bem.

9.6.08

3 eixos

Antiquado. Olho para este blog e penso logo nessa palavra. Mas, me orgulho disto.

Conservador. Também é outra palavra que me vem à mente ao passar os olhos nestas duas colunas que constroem a Insaminus.

Mudança. Primeira linha de raciocínio lógico que faz mais sentido diante das outras.

Ferramenta. As mais básicas... mãos.

No momento certo. Com as peças certas. E na direção certa.

24.5.08

Cego

Havia um cego sentado na calçada em Paris, com um boné a seus pés e um pedaço de madeira que, escrito com giz branco, dizia:

"Por favor, ajude-me, sou cego"

Um publicitário, parou e viu umas poucas moedas no boné. Sem pedir licença, pegou o cartaz e o giz e escreveu outro anúncio e foi embora.

Mais tarde o publicitário voltou a passar em frente ao cego. Agora, o seu boné estava cheio de moedas. O cego reconheceu as pisadas e lhe perguntou se havia sido ele quem reescreveu seu cartaz, querendo saber o que havia escrito ali.

O publicitário disse:

- Nada que não esteja de acordo com o seu anúncio, mas com outras palavras"

Sorriu e continuou seu caminho. O cego nunca soube, mas seu novo cartaz dizia:

"Hoje é Primavera em Paris e eu não posso vê-la"



(texto de autoria desconhecida)

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Se alguém souber o nome do autor, favor escreva-me.

15.5.08

A pessoa que faz a diferença

O tempo passa e vejo a vida mostrar as diferentes faces de uma mesma mandala.

Ser diferente é ser notado, não tem jeito! É fugir do senso comum, da "normalidade" de vida. É não aceitar tudo que essa bola de neve chamada SISTEMA tem a nos oferecer. É saber filtrar aquilo que mais nos interessa e criar de forma artesanal os objetos que suprem nossos anseios.

O problema de ser diferente não é o fato de saber que os outros acham ou deixam de achar. O que falam ou deixam de falar. Se somos ou não o centro das atenções. Até porque aquele que canaliza a procura da felicidade através da aprovação da opinião das pessoas está fadado ao fracasso em viver na eterna frustração de nunca se auto-realizar.

O problema de ser diferente - talvez melhor dizendo - o triste de ser diferente é ter que aprender a conviver com a solidão. Não poder trocar experiência, não ter alguém pra conversar. É olhar para o lado e saber que há duas situações. A primeira é ser obrigado a vestir o uniforme do "senso comum" para obter um mínimo de sociabilidade no ambiente em que vive. A segunda é saber que há sim pessoas que se aproximam, mas com intenções não verdadeiras. Aproximam por algum interesse oculto, e não por querer compartilhar os mesmos valores que o 'diferenciado' possui. Afinal, o 'diferenciado' sempre possui algo a oferecer, há um mistério que desperta curiosidade nas pessoas, ou as vezes suas faculdades racionais são menosprezadas, ou seja, aparenta ser presa fácil para aproveitadores... só aparenta.

Esse texto pode até ser uma caricatura das coisas. É como uma pintura impressionista. Dou destaque aos detalhes. Lógico que as coisas não são exatamente assim, mas penso que esta é a ilustração mais próxima da (in)diferença que há entre o mundo exterior (sistema) e o mundo interior (valores pessoais).

13.5.08

Trouble

Trouble, oh Trouble, set me free!
I have seen your face
And it's too much, too much for me.
Trouble, oh Trouble, can't you see?
You've eaten my heart away
And there's nothing much left of me.

Trouble, por Cat Stevens

16.4.08



Não há explicação!
Não há razão, sentido, nexo e muito menos discernimento nos atos!
Os holofotes estão apontados para aquela janela com um buraco na grade!
Um verdadeiro seriado policial com capítulos mal explicados exibidos durante toda a programação normal.

Não há normalidade!
Há o mal!
Até quando? Dominante... que vence no final?

14.4.08

Hardcore

Ao ligar o botão a música é tocada em tons menores. A melodia é doce e bonita. O som é inconfundível e muito fácil memorizar. Mesmo quando surgem os primeiros acordes dissonantes, fugindo um pouco do campo harmônico, ainda assim há leveza e pureza nas oscilantes ondas de longa perduração.

Um ritmo mais acelerado é imposto pela inquieta bateria, até então ociosa e ansiosa por querer se juntar aos demais instrumentos. O Som dos diferente tons unidos com repiques de contra-tempo acrescentam um ingrediente rodeado de mistério ao som exalado pelo conjunto.

Mas há as notas graves. O grave entra em contraste com a percussão perdendo o tom, ritmo e compasso. Simplesmente pelo grave. Pela desconcentração do conjunto.

O grave. O suficiente para a bateria iniciar seu número particular de hardcore. Enquanto a flauta cria sua sessão de nostalgia glissando notas remotas. O piano, quieto, se contorcendo por não haver quem afinasse suas cordas. A harpa harpeja, e festeja, por poder finalmente harpejar. Cada violino e cada violoncelo numa nota só, mas cada qual com seu timbre. E já que ninguém deu corda ao violão, este por sua vez, lança-se contra a parede só pra exibir seu som. Os metais, irritantes, chocam-se entre si, pois unidos conseguem fazer bastante barulho.

Tudo isso pelo grave. A verdade das notas. O eco exibicionista que não se dilui no tempo nem no espaço. O instrumento que aprender a toca-la primeiro levará aos demais instrumentos a buscar sua própria melodia. Sem muita harmonia, é verdade... mas com um belo show de exibicionismo gratuito.

31.3.08

Longo e tenebroso verão

O verão já passou e com ele suas atribulações. Não me dou bem com essa estação. Mas geralmente é no verão que as transformações ocorrem e nem sempre pra melhor.

Como no ano passado, vivi sucessivas coincidências que põem à prova toda conspiração que o universo exerce sobre nossas cabeças. Já não mais me surpreendo quando vejo os signos e significados serem desmistificados pela nossa própria incoerência. Em outras palavras, é sempre no verão que muito das coisas que acredito e defendo até a alma revelam-se mais falsas do que uma nota de quinze reais.

Então, porque se despedir do verão?
Bom, a mudança nem sempre é para melhor. Há decepções e até certo desinteresse meu quando descubro a não verdade por trás das coisas. Há também um desânimo por perceber que tudo aquilo que eu acreditava e defendia não era exatamente o que eu imaginava. E há preguiça por minha parte em tentar novamente entender o significado das coisas.

Então...
Então o que sai de bom disso tudo é que tenho criado um mecanismo de defesa quando gritam aos meus ouvidos tentando me convencer de mais uma falsa verdade. A cautela tem me acompanhado, comportando-se como uma muleta que mantém de pé minha própria tolerância às opiniões alheias. Pelo menos agora eu tento ouvir mais e falar menos. Há muito verão para poucas andorinhas.

27.1.08

Sinais

Funciona quando quer. Estou um pouco distante da net porque meu velhaco computador não está funcionando direito. Dependendo do mapa astral o PC dá sinal de vida ou de morte.

Nessa hora é inevitável fazer mais uma analogia curiosa. A mente humana, pelo menos por enquanto, não possui poder em prever o futuro. Então passamos a ter uma idéia de como as coisas estão indo interpretando os sinais ao nosso redor. Coisas boas e coisas ruins nos aguardam à frente. As vezes está bem claro aquilo que nos espera, outras vezes não. E é aí onde podemos cometer os mais diversos erros de nossas vidas.

Desde o acordar pela manhã ao adormecer pela noite somos bombardeados por esses sinais. E quando não interpretamos bem, tomamos escolhas equivocadas, o que só faz piorar as coisas. Uma palavra mal interpretada, um som diferente, uma imagem embaçada, um olhar diferente, um silêncio, um sorriso amarelo e muito mais são os canais que levam os diversos sinais às nossas mentes formando as ‘mensagens externas’.

Acredito que para a maioria das pessoas, o que eu disse até aqui não é novidade nenhuma. Mas, talvez, a novidade se encontra quando afirmo que ‘sinais ao nosso redor’ não necessariamente são percepções vindo de terceiros, vindo de outras pessoas, vindo do ambiente que você pertence. Esses sinais são subjetivos à sua mente. À sua própria interpretação de suas próprias ações. O que adianta perceber o ideal a ser feito se na verdade sentimos que não é o correto a ser feito? Esse questionamento vindo da alma é o mais importante e o mais poderoso sinal que a pessoa possui.

É como meu velho PC. Dá sinal de que está prestes à pifar de vez. Penso em doá-lo e comprar um novo... que na verdade apenas poderia resolver o problema trocando uma peça.

23.1.08

Não deixe pra daqui a pouco o que você pode fazer agora mesmo.

9.1.08

De si para si só

Demorei um pouco pra iniciar as postagem de dois mil e oito. Talvez porque eu tenha parado um pouco pra descansar mentalmente. Tirei uma semana pra ficar no puro ócio. Mas ontem e hoje resolvi ler alguns blogs, contos e alguns textos antigos meus.

Lendo os blogs, reparei o quanto os diversos escritores são receptivos, objetivos, viajantes e sinceros. Textos pequenos, outros enormes, sempre com um tom informativo e aberto a questionamentos. Foi aí que parei pra pensar um pouco sobre meu blog. E reparei que muitas das minhas postagem possuem um tom mais severo, intimista, fechado e irônico as vezes. E pela primeira vez fiz o papel de leitor da Insaminus.

Dentre tantos textos, contos, poesias me senti agredido, mas de uma forma diferente. Pois notei que das coisas que eu digo aqui, a maioria das "acusações nas entrelinhas", mensagens, conselhos e recados é direcionada para... eu. Constantemente entro em conflito comigo mesmo, lidando com minhas inúmeras hipocrisias, incompreensão, intolerância e até um certo tipo de ignorância por não ouvir (ou ler) melhor o que os outros tem a dizer.

Acho que a Insaminus é isso. O curioso comportamento humano que espelha em mim, pode se refletir em muitas outras almas angustiadas. Sinta-se em casa. Eu já estendi a rede.