Mostrando postagens com marcador paradoxos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador paradoxos. Mostrar todas as postagens

28.11.08

Atos

Assim com tudo na minha vida os textos que escrevo aqui oscilam entre o céu e o inferno. Entre o escuro e o claro. É um paradoxo que me cerca que me faz sentir assim. Os extremos me perseguem... as letras me perseguem... os dias de chuva também. Há um eco em minha sala em minha sala.

Não, eu não estou escrevendo em primeira pessoa... odeio fazer isso, ainda mais no tempo presente. Gosto do Pretérito Perfeito e odeio o Futuro do Pretérito. Porque, meu Deus, são tantos tempos? Porque diabos ainda não pensei nisso antes? Se pensei, não senti. Se senti, não vivi.

Pensar, sentir, viver. É provavelmente a seqüencia de atos cometidos por minha alma momentos antes de escrever em meu blog.

27.10.08

Gostos e Aflições

Gosto de falar sobre as estranhezas das pessoas, principalmente as minhas.
Não gosto é de alugar os ouvidos das pessoas, então eu abuso do meu blog... coitado.

Gosto de falar sobre música, principalmente as músicas estranhas, elas são menos enjoativas e perduram mais.
O que eu não gosto é forçar ou ser forçado a escutar uma música.

Gosto de brincar com os números, principalmente os números repetidos. Eles me perseguem.
Não gosto de acreditar muito neles... me assustam.

Aprecio as boas conversas entre os amigos. Na descontração os papos nunca são jogados fora.
Não aprecio conversas paralelas e sem nexo. Ou má interpretações. Ou deduções de acontecimentos não verdadeiros.

Gosto de acreditar num grande amor. Mesmo sabendo (ou não) da sua (in)existência.
Me aflige em não encontrar um grande amor. Ou me dar conta de saber que o perdi.

Gosto de encontrar as coisas boas e fazer bom uso delas. De compartilhar, trocar valores e crescer junto com todos.
Odeio quando me trazem coisas ruins. Principalmente quando eu não estou preparado para enfrenta-las.

Gosto de entender as coisas e saber por onde caminho. Há tantos caminhos a seguir, há tanto o que fazer.
Me aflige o fato de poder perder o meu caminho. E, pior, saber que não há mais nada o que possa ser feito.

[ post totalmente inspirado ouvindo The Shins, Bloc Party, Built to Spill e Blind Melon ]

19.8.08

Lara e Julie

Lara troca a noite pelo dia, Julie o dia pela noite
Lara gosta de jogar bola com os meninos, Julie gosta de dar bola para os meninos
Lara é meio cheinha, Julie sempre precisa perder 2kg
Lara fala dormindo, Julie dorme enquanto fala
Lara fala o que pensa, Julie fala sem pensar
Fiel abana o rabo para Lara, Fifi é afagada por Julie
Lara bate os dentes no inverno, Julie range os dentes no verão
Lara sempre pega resfriado, Julie conjuntivite
Lara é fera com números na escola, Julie é fera com números no shopping
Lara não lembra o último livro que leu, Julie coleciona livros de consagrados escritores
Lara gosta do menino da rua do lado, os meninos da rua do lado gostam da Julie
Lara deseja beijar amanhã, Julie não sabe quem a beijou ontem
Lara deseja casar e ter filhos, Julie deseja ser aeromoça

16.6.08

Sentido Ausente

Ultimamente coisas estranhas estão acontecendo comigo. Algumas não muito boas. E sempre que possível eu coloco a culpa no cosmos. Realmente dá vontade de rir quando listo as mais curiosas e mais "ilusitadas" situações que tenho vivido nos últimos dias. E, desta vez, literalmente fiquei cego por 4 dias. Foi de repente. Perdi a visão, e o mundo escureceu-se.

No primeiro dia foi aquele impacto. Esbarrava em tudo tentando caminhar pela casa. Olhos ardendo. Vontade de gritar. "Estou perdendo minha prova de Finanças", "culpa daquela vizinha que jogou 'creolina' na rua p'ra 'detetizar' o caminho". Sou alérgico, alérgico a qualquer produto que contenha ácido sulfídrico.

Qualquer fiapo de luz me ofuscava. As frestas de luzes que saíam da porta fechada me atormentavam. Até o visor do celular me levou aos gritos de dor na manhã do segundo dia quando fui ver que horas eram. Desesperado, esperando as vistas melhorarem pelo menos um pouco, me preparava para ligar p'ra minha médica. Até que de repente, a magia aconteceu.

Percebi algo diferente comigo. Deixei a televisão sem brilho e, sem perceber, eu "assisti" a um filme inteiro apenas ouvindo os sons e os diálogos. Levei apenas alguns minutos para decorar todos os botões do meu controle-remoto, algo que não tinha feito até recentemente.

Eu conseguia identificar todos os objetos que minha mãe manuseava na cozinha, apenas ouvindo o barulho. Comecei a sentir como nunca o cheiro da comida sendo preparada. Eu podia adivinhar cada ingrediente do almoço apenas pelo olfato. O paladar, apurado como nunca, me fez identificar melhor os detalhes que eu não "enxergava" ao saborear antes.

E, a noite, estava afim de ouvir algumas músicas minhas, entre elas algumas clássicas. Aumentei o volume do meu "ampli" já esperando algo diferente. E foi o que aconteceu. Conseguia perceber com clareza cada nota, cada acorde, cada bemol, cada detalhe da melodia. Passei a gostar até mesmo daquela música que não "via" graça nenhuma. As ondas sonoras pairavam pela casa escura.

Já nos últimos dias, tinha o mapa da minha casa inteira na mente. Sabia ir da cozinha ao banheiro em segundos. Lógico, que tropecei numa cadeira no meio da sala. Com a canela doendo, pensei "mudaram de lugar durante a noite".

No último dia comecei a sentir saudades. Saudades das cores. Parecia que tudo fazia sentido com elas. E isso não dava p'reu imaginar com olhos fechados. É realmente difícil imaginar o azul, amarelo, verde, vermelho etc. A cor é o elemento principal dos sentidos. Até que, enfim, elas retornaram como nunca na manhã do quinto dia. E fui dando adeus ao preto.

Caminhando pela rua, com um sorriso idiota no rosto, diante de muito barulho, fumaça dos ônibus, gritaria, notícias sensacionais nos jornais, buzinas, sirenes... comecei a fazer parte novamente deste mundo cinza. O sorriso se desfez, meus olhos se fecharam... tentando não acreditar no que eu estava vendo... tentando acordar desse mundo sombrio.

----------------

Texto publicado por minha pessoa no blog Segredo Social em Setembro de 2007.

Um pouco grande, mas gostei tando que trouxe à Insaminus.

27.4.07

Frutos da Retina

De novo, difícil de interpretar. Mas se me permite, faço minhas as suas palavras, embora não muitas. As poucas que guardo são carregadas de sentimento, sinceridade e ternura. Principalmente quando seu olhar insiste em se perder no horizonte à nossa frente, o que me faz perceber o quanto é mais importante olhar na mesma direção.

Não são anjos no céu... mas estão lá, prontos para serem tocados. São reais. Difíceis de alcançar. Estupidamente distante de nós, rindo e quase imponentes. Mas quando são tocados, quando são encarados de frente, a superação e o vigor da conquista nos tornam, por alguns instantes, inabaláveis.

Não costumo errar quando percebo a beleza do que vejo. São verdes... ainda mais de dia... a luz do sol não mente, as cores, as expressões e até mesmo a fala são ricamente definidas contrastando com a imagem turva das sombrosas noites.

Porém haverá sempre um eterno paradoxo entre o real e o imaginário. Dois mistérios que cercam esse que insiste em acreditar naquilo que se esconde nos corações das pessoas. O mistério da realidade é por não ser tão evidente e constante as palavras que criam pontes entre os fatos e o parecer. Já o mistério do imaginário é o quanto eu me perco em seus momentos de desligamento real, por nunca saber o que realmente está pensando.

15.3.07

Síndrome

Subindo ao mar, lançou-se aos ventos
Quis acreditar no que seus olhos não viram
E no esforço não preciso, alcança
Lança... certeira

Castigo da alma
Da procura
Mas é o mesmo sorriso
Mas nunca quis achar
Ainda mesmo que marcado
Estampado, evidente, tão lógico
E... tão incoerente

Quis ser presente,
Tão crente... que mente
Pra si... e não sente
Vícios da razão
Firulas do coração

Nada se perde
Nada se cria
Simplesmente, não existe!

11.11.06

Duet

- Em minha mente...

"Lost inside my sick head
I live for you but I'm not alive
Take my hands before I kill
I still love you, I still burn"

"Show me who you are
I'll show you what you love
I'll give you half the world if that's enough
Let me take you down
Let me see you smile
Let me rest my head here for a while

In the end we'll leave it all behind
Cos the life I think I'm trying to find
Is probably all in the mind"

- Saía tudo errado... mas era de coração...
- Deixe-me descançar minha cabeça aqui por algum tempo...
- Hã...
- Não. Era só um sonho... see u...

18.10.06

Utopia

É humanamente impossível viver em eterna utopia. As coisas nunca se harmonizam perfeitamente, em qualquer ponto de vista. E foi pensando nisso que percebi que ingenuamente vou tentando fugir em busca de uma perfeição que não existe. Tenho visto filmes diferentes. Ido em lugares que nunca fui. Ouvindo bandas novas. Abandonando o preto do meu vestuário e usando mais cores. E até tendo coragem de tomar atitudes que nunca tomei antes.

A utopia seria a união perfeita dos dois lados da moeda que serão eternamente opostas. E isso eu não percebi... nem com toda ingenuidade que ainda tenho.

O sorriso, que antes era certo, mesmo preso, me desperta para refletir o que eu ouvi outro dia – "eu quando estou triste, não tenho coragem de ler o seu blog". O que me retalha são lembranças como escrevi em "Pés de Agulha" e deixei transparecer em "nid". Mas provavelmente "Onde há luz..." foi o que me tirou mais o sono durante noites. E este quando vinha me trazia algo como em "Me observando... mas de onde?".

A utopia seria o equilíbrio de toda intensidade de se viver entre a angústia e o deleite. E isso não percebi... nem com as lembranças que me retalharam.

As cores são bem vindas. O preto é um uniforme. Grato ao diferenciar um lado que eu não conhecia. Coragem não me falta em agir como não agi antes e evitar de agir como agi antes. Não precisa ter medo. Não precisa perder a coragem. O sorriso é expontâneo em dias nublados com a brisa fria do vento.

A utopia seria estarmos prontos para um olhar que invadisse nossa alma em busca do desconhecido chamado amor. E isso eu não percebi... nem mesmo quando minha alma não estava sozinha.

[ escutando direto: "Fingers in the Factories (Editors)" ]