Toda máquina deve vir acompanhada de um manual de instruções.
Talvez por fazer de forma complexa tarefas simples.
Manuais são complexos com explicações simples.
Talvez por serem escritos por pessoas simples de forma complexa.
Acontece que manuais simplesmente não são lidos por pessoas.
Talvez por terem sido feitos para pessoas, complexas, escritos por pessoas simples.
Sem a máquina a pessoa desiste de realizar tarefas complexas de forma simples.
Talvez por escolher fazer as tarefas sem complexidade de forma manual.
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24.2.10
10.2.10
Carrapato
Carrapato é um parasita tinhoso.
À procura de alimento ele gruda no pescoço do cachorro.
Suga o sangue que puder sugar.
Não deixa o pobre animal dormir a noite.
Usa-se de muito sacrifício pra ser arrancado fora.
E quando é expelido, deixa uma marca de sangue.
À procura de alimento ele gruda no pescoço do cachorro.
Suga o sangue que puder sugar.
Não deixa o pobre animal dormir a noite.
Usa-se de muito sacrifício pra ser arrancado fora.
E quando é expelido, deixa uma marca de sangue.
27.1.10
Dilúvio
A tragédia não foi anunciada... ela chegou como um ladrão na madrugada e fez estragos, vítimas e, para aqueles que sobreviveram, marcas eternas. Pouco restou para aqueles que nem sonhavam em andar na chuva. Aliás, no momento que perderam quase tudo, provavelmente estavam sonhando com um futuro melhor, um futuro que veio pra ficar.
Não é mais como andar na chuva e banhar-se. As águas agora tem outro sabor. Há marca de 7 palmos na parede, da água, da lama e de tudo que não presta. Aos ilhados nessa enchente restam apenas os telhados que um dia protegeram da chuva. Ao que simplesmente se arriscou a atravessar pela inundação viveu a angústia de andar com a água até o pescoço.
A chuva é tão grata que os ingratos não perceberam que as águas correm para o mar e tampouco que usei de parábola e sarcasmo pra falar dos nossos próprios despreparos para nossas tempestades particulares.
Não é mais como andar na chuva e banhar-se. As águas agora tem outro sabor. Há marca de 7 palmos na parede, da água, da lama e de tudo que não presta. Aos ilhados nessa enchente restam apenas os telhados que um dia protegeram da chuva. Ao que simplesmente se arriscou a atravessar pela inundação viveu a angústia de andar com a água até o pescoço.
A chuva é tão grata que os ingratos não perceberam que as águas correm para o mar e tampouco que usei de parábola e sarcasmo pra falar dos nossos próprios despreparos para nossas tempestades particulares.

12.1.10
"...como diamante"
Ao lapidar um diamante, o ourives (ou lapidador) retira as imperfeições da pedra até dar a forma desejada. Essas preciosas imperfeições fazem parte do diamante e são simplesmente jogadas fora ou armazenadas para futuro uso nos brilhos em tecidos.
Não sei se as pessoas se questionam quanto a isso, ainda mais num início de ano, em que tentamos (não) fazer (melhor) o que (não) fizemos no ano anterior.
Devemos ser um diamante bruto e manter conosco nossas preciosas imperfeições? Ou devemos ser um diamante lapidado, quanto mais lisa nossa face mais iremos refletir a luz e quanto mais faces tivermos mais brilho teremos?
Quem não tem faces? Quem não deseja brilhar e refletir a luz em cores diferentes? Qual a diferença entre um diamante bruto e um diamante lapidado dentro de uma caixa preta?
2010 começa com novas e velhas questões. Algumas respostas são tão óbvias. Outras não foram feitas para eu responder.
Não sei se as pessoas se questionam quanto a isso, ainda mais num início de ano, em que tentamos (não) fazer (melhor) o que (não) fizemos no ano anterior.
Devemos ser um diamante bruto e manter conosco nossas preciosas imperfeições? Ou devemos ser um diamante lapidado, quanto mais lisa nossa face mais iremos refletir a luz e quanto mais faces tivermos mais brilho teremos?
Quem não tem faces? Quem não deseja brilhar e refletir a luz em cores diferentes? Qual a diferença entre um diamante bruto e um diamante lapidado dentro de uma caixa preta?
2010 começa com novas e velhas questões. Algumas respostas são tão óbvias. Outras não foram feitas para eu responder.
15.5.09
Par... Impar par... Impar par...
Deparei-me recentemente com uma situação bem típica do comportamento humano: momentos ímpares. Geralmente vivemos essas fases porque consideramos ser o momento para refletir um pouco sobre como agir em situações iguais em que tomamos sempre as mesmas decisões... geralmente erradas.
É o momento ímpar. Um momento que difere, que não casa, que sobra algo pra ser discutido, que nos fazem pensar em como usar a melhor peça nesse quebra-cabeças, peças miúdas e semelhantes, mas nenhuma é exatamente igual a outra. Então paramos, respiramos e ficamos com o que falta na mão, observando o melhor, ou melhor, o encaixe certo da peça que falta. Já erramos tantas vezes... porque não entender melhor a imagem desse jogo de tabuleiro ao invés de insistir na 'tentativa e erro'?
Esse é o melhor momento. Olhamos pra o que temos nas mãos e comparamos com as situações vividas anteriormente. Deixamos as coisas fluírem naturalmente por si só. Nem sempre devemos ter a obrigação de ficarmos loucos atrás de respostas, sentimentos ou emoções. Deixe que venham até nós e com o tempo teremos a absoluta certeza do que queremos. Independente se vai formar um par ou não a decisão será a melhor. Soltaremos aquela velha expressão de que fizemos o melhor com um doce "ahhh tahhhh... agora entendiiii!".
É o momento ímpar. Um momento que difere, que não casa, que sobra algo pra ser discutido, que nos fazem pensar em como usar a melhor peça nesse quebra-cabeças, peças miúdas e semelhantes, mas nenhuma é exatamente igual a outra. Então paramos, respiramos e ficamos com o que falta na mão, observando o melhor, ou melhor, o encaixe certo da peça que falta. Já erramos tantas vezes... porque não entender melhor a imagem desse jogo de tabuleiro ao invés de insistir na 'tentativa e erro'?
Esse é o melhor momento. Olhamos pra o que temos nas mãos e comparamos com as situações vividas anteriormente. Deixamos as coisas fluírem naturalmente por si só. Nem sempre devemos ter a obrigação de ficarmos loucos atrás de respostas, sentimentos ou emoções. Deixe que venham até nós e com o tempo teremos a absoluta certeza do que queremos. Independente se vai formar um par ou não a decisão será a melhor. Soltaremos aquela velha expressão de que fizemos o melhor com um doce "ahhh tahhhh... agora entendiiii!".
10.5.09
Efeitos
Para quem acha que vivo falando em parábolas, então lá vai mais uma.
Há algumas leis e teorias da física que eu não entendo muito bem. Uma delas é "Toda ação há uma reação em sentido contrário" e, a que eu mais gosto, a teoria da "Causa e efeito". Guardem essas duas.
Se você fosse um número, ou melhor, se você fosse uma peça, melhor ainda, se você fosse uma peça de dominó, qual seria? Qual a mais importante? Qual a mais valiosa? Na verdade nada disso importa se o que você tem pela frente é um outro dominó e atrás mais um outro. Todos em posições, pesos e medidas iguais. Se um dominó derrubar o outro, logo este derrubará o próximo, que derrubará o próximo do próximo até que o último cairá mas não derrubará ninguém.
Um dominó nessas circunstâncias não reage. Mas houve a causa e o efeito. Onde estaria a reação? Pior, onde estaria a reação em sentido contrário. Há uma lei que rege esse "efeito dominó". Independente do seu valor, da sua importância para o jogo, da sua cor... um dominó não é culpado em provocar a queda da primeira peça. Apenas obedece a maior das leis, a lei da gravidade.
Há algumas leis e teorias da física que eu não entendo muito bem. Uma delas é "Toda ação há uma reação em sentido contrário" e, a que eu mais gosto, a teoria da "Causa e efeito". Guardem essas duas.
Se você fosse um número, ou melhor, se você fosse uma peça, melhor ainda, se você fosse uma peça de dominó, qual seria? Qual a mais importante? Qual a mais valiosa? Na verdade nada disso importa se o que você tem pela frente é um outro dominó e atrás mais um outro. Todos em posições, pesos e medidas iguais. Se um dominó derrubar o outro, logo este derrubará o próximo, que derrubará o próximo do próximo até que o último cairá mas não derrubará ninguém.
Um dominó nessas circunstâncias não reage. Mas houve a causa e o efeito. Onde estaria a reação? Pior, onde estaria a reação em sentido contrário. Há uma lei que rege esse "efeito dominó". Independente do seu valor, da sua importância para o jogo, da sua cor... um dominó não é culpado em provocar a queda da primeira peça. Apenas obedece a maior das leis, a lei da gravidade.
19.10.08
A Guerra dos Sentimentos
Era uma sala grande. Mais ou menos do tamanho de uma aula de aula. Os sentimentos estavam quase todos ali para uma reunião. Conversando e discutindo sobre coisas da vida, sobre como os humanos se portavam perante suas doses químicas nas veias sanguíneas e sobre a importância da existência dos mesmos. Eram todos vaidosos e cada um defendia sua importância. Até que entrou pela porta, cheio de si, o desprezo.
- Desafio qualquer um aqui dentro sobre qual sentimento é o mais predominante entre os humanos. O mais forte. O mais resistente e o mais maligno. - disse. Curiosos, os demais sentimentos procuraram saber do motivo do desafio. O desprezo prontamente respondeu:
- Não acredito que alguém aqui consiga ser mais forte e mais duradouro que eu. Eu sobreponho todo e qualquer tipo de sentimento aqui dentro. - completou o desprezo. Alguns dos sentimentos ficaram alvoroçados, outros preferiram não se meter, mas logo o amor tomou a palavra.
- Eu sou duradouro. Eu sou imortal. Sobrevivo até mesmo depois da morte. - disse.
- Eu não acredito em você. Você tem várias caras. Não tem definição. Não dorme, não come, não anda. Uns dizem seu nome em vão. São falsos com você mesmo. Te confundem com paixão, com avareza, com ciúmes. Pois você não tem forma. Na luta dos sentimentos é o primeiro a morrer. Você, no coração das pessoas, é o mais fraco. O mais ilusório. Você é utópico. Você, amor, é inexistente. - devolveu o desprezo. Diante destas palavras o amor caiu em prantos... e foi afogar as lágrimas ao lado do seu melhor amigo, o ódio.
- Alguém mais? - perguntou o desprezo.
- O que mais faz estrago entre as pessoas sou eu. Sou benevolente as vezes, mas com certeza sou o sentimento mais temido de todos. - disse a solidão.
- Vejo que você não haje sozinha. Para que você existe deve existir a arrogância. As pessoas que são arrogantes encontram você. É através da arrogância que você existe. Todos ficam esperando por um pouco de atenção, mas não prestam sequer a vontade de trocar valores entre elas. Na verdade, solidão, para que você exista deve haver inúmeros sentimentos ruins como você. Desde a arrogância, o orgulho, o preconceito... inúmeros sentimentos te alimentam... e você não é nada sem eles. Sem eles você não existe. - disse o desprezo. A solidão ficou paralisada. Imóvel. Ninguém foi ajuda-la. Sozinha ela cai no chão em estado de choque.
- Vejo que ninguém é páreo à minha existência. - debochou o desprezo.
- Eu trago o que todos buscam. Os humanos me querem. Eu sou o motor da vida deles. É em mim que depositam todas as suas apostas. Sou o norte. Sou o que chamam de felicidade. - disse a felicidade. O desprezo riu compulsivamente. Debochadamente. Desconcertadamente.
- Você!? Não me faça rir. Para aqueles que te procuram, procuram porque são egoístas. As pessoas estão fechadas em seu mundinho particular, em seu pequeno espaço de terra e dizem que isso é a felicidade. Você morre na primeira turbulência que uma pessoa passa. Em questões de segundo eu posso levar a pessoa do céu ao inferno. Você é frágil. É quase inalcançável. E, quando alcança, a sua existência é tênue. Diga-me, se todos estão à sua procura, porquê você insiste em se esconder? Outra coisa, porque você só bate à porta das pessoas erradas? - perguntou o desprezo.
De tanto pensar numa resposta, a felicidade cansou-se e sentou-se.
- Você é muito cheio de si, desprezo. Eu não acredito em seu desafio. Sou ou pior dos sentimentos. Eu domino todos os corações humanos. Sou o mais temido. Eu sim sou o motor deste mundo. As pessoas trabalham, comem, se divertem, se relacionam por temerem a mim. Eu trago inúmeras aflições aos corações das pessoas e com isso eu controlo o mundo. Controlo a medicina. A estética. O dinheiro. O progresso. - disse o medo.
- Não é o mais forte. As pessoas temem mais a mim. Para quem tem desprezo pelas coisas não faz jus ao medo. - simples assim disse o desprezo. O medo sem reação tentou se esconder de temor.
- Vejo que não há sentimento à minha altura. Quando há meu sentimento no coração das pessoas ele é predominante. Em quem despreza e principalmente em quem é desprezado.
Os sentimentos ficaram quietos, aterrorizados. Os bons sentimentos tentavam se unir no canto da sala, mas a impaciência não deixava que estes se organizassem. A vergonha quis se defender mas, como sempre, não teve a ajuda da sua amiga coragem. A dor, incapaz, só gemia. A tristeza, sempre inconstante, tentava ganhar forças nos braços da saudade. Parecia o fim. O desprezo teria razão... no coração das pessoas realmente ele era o sentimento mais poderoso. Mais mortal. Mais maligno.
Em meio a repentina glória ao desprezo, eis que entra na sala uma jovem de cabelos cumpridos. Nem alta, nem baixa. Nem gorda, nem magra. Nem branca, nem negra. De olhos e cabelos verdes.
- Como sempre, atrasada. - disse o desprezo. E completou: - tenho boas notícias. Eu sou o sentimento que predomina nos corações dos humanos. Sou o mais terrível. O mais maligno. O mais mortal. O mais temido. Ninguém conseguiu provar o contrário. Ficou bem claro aqui.
- Eu reconheço sua enorme força. Você é como um relâmpago. É um clarão forte de energia acumulada que se propaga pelos ares e depois some, impunemente. Você corta os corações das pessoas e não se importa com isso. Você destrói a bondade das pessoas. Você abre margens para a intolerância. Você finge adormecer... mas ao agir é como uma faísca em um mar incandescente. E quando menos as pessoas percebem há o seu tremor, há o trovão, a voz da sua ira. Mas saiba, desprezo, a mim você não assusta. Há movimento lá fora. Por mais que você convença as pessoas do contrário, eu sempre estarei com elas. Sabe porque? Porque mesmo que você mate todos os sentimentos desta sala a mim você não vai conseguir matar. Eu tenho inúmeros nomes... mas sou um único sentimento. Para quem acredita em mim você não vale nada. Tenho pena de ti e daqueles que lhe mantém vivo no coração. Mas saiba que para todos, até mesmo para aqueles que sofrem com sua estadia, ao pronunciar um único nome você já era. Tenho nome de fé. De compaixão. De misericórdia. Tenho nome de esperança.
Sem ter forças, o desprezo viu o seu fim diante da imensidão do verde da esperança. Derrotado se ausentou da sala.
- E vocês – completou a esperança aos demais sentimentos – cuidado com os poderes que vocês possuem. Não há sentimento bom. Não há sentimento mal. Não tentem ser uns melhores que outros. Vocês existem por se complementarem. Usem os poderes de vocês na dose certa e viverão em harmonia. Mas saibam que se algo der errado, será meu nome que irão chamar. E aquele que me chamar e acreditar em mim esterei pronta para acabar com qualquer um de vocês. - e ainda completou:
- E você, amor... a quem chamam de duradouro. Não há problema de ser indecifrável. Mas seja verdadeiro. Na minha ausência você será o síndico da casa. Será o síndico nos corações das pessoas.
- Desafio qualquer um aqui dentro sobre qual sentimento é o mais predominante entre os humanos. O mais forte. O mais resistente e o mais maligno. - disse. Curiosos, os demais sentimentos procuraram saber do motivo do desafio. O desprezo prontamente respondeu:
- Não acredito que alguém aqui consiga ser mais forte e mais duradouro que eu. Eu sobreponho todo e qualquer tipo de sentimento aqui dentro. - completou o desprezo. Alguns dos sentimentos ficaram alvoroçados, outros preferiram não se meter, mas logo o amor tomou a palavra.
- Eu sou duradouro. Eu sou imortal. Sobrevivo até mesmo depois da morte. - disse.
- Eu não acredito em você. Você tem várias caras. Não tem definição. Não dorme, não come, não anda. Uns dizem seu nome em vão. São falsos com você mesmo. Te confundem com paixão, com avareza, com ciúmes. Pois você não tem forma. Na luta dos sentimentos é o primeiro a morrer. Você, no coração das pessoas, é o mais fraco. O mais ilusório. Você é utópico. Você, amor, é inexistente. - devolveu o desprezo. Diante destas palavras o amor caiu em prantos... e foi afogar as lágrimas ao lado do seu melhor amigo, o ódio.
- Alguém mais? - perguntou o desprezo.
- O que mais faz estrago entre as pessoas sou eu. Sou benevolente as vezes, mas com certeza sou o sentimento mais temido de todos. - disse a solidão.
- Vejo que você não haje sozinha. Para que você existe deve existir a arrogância. As pessoas que são arrogantes encontram você. É através da arrogância que você existe. Todos ficam esperando por um pouco de atenção, mas não prestam sequer a vontade de trocar valores entre elas. Na verdade, solidão, para que você exista deve haver inúmeros sentimentos ruins como você. Desde a arrogância, o orgulho, o preconceito... inúmeros sentimentos te alimentam... e você não é nada sem eles. Sem eles você não existe. - disse o desprezo. A solidão ficou paralisada. Imóvel. Ninguém foi ajuda-la. Sozinha ela cai no chão em estado de choque.
- Vejo que ninguém é páreo à minha existência. - debochou o desprezo.
- Eu trago o que todos buscam. Os humanos me querem. Eu sou o motor da vida deles. É em mim que depositam todas as suas apostas. Sou o norte. Sou o que chamam de felicidade. - disse a felicidade. O desprezo riu compulsivamente. Debochadamente. Desconcertadamente.

De tanto pensar numa resposta, a felicidade cansou-se e sentou-se.
- Você é muito cheio de si, desprezo. Eu não acredito em seu desafio. Sou ou pior dos sentimentos. Eu domino todos os corações humanos. Sou o mais temido. Eu sim sou o motor deste mundo. As pessoas trabalham, comem, se divertem, se relacionam por temerem a mim. Eu trago inúmeras aflições aos corações das pessoas e com isso eu controlo o mundo. Controlo a medicina. A estética. O dinheiro. O progresso. - disse o medo.
- Não é o mais forte. As pessoas temem mais a mim. Para quem tem desprezo pelas coisas não faz jus ao medo. - simples assim disse o desprezo. O medo sem reação tentou se esconder de temor.
- Vejo que não há sentimento à minha altura. Quando há meu sentimento no coração das pessoas ele é predominante. Em quem despreza e principalmente em quem é desprezado.
Os sentimentos ficaram quietos, aterrorizados. Os bons sentimentos tentavam se unir no canto da sala, mas a impaciência não deixava que estes se organizassem. A vergonha quis se defender mas, como sempre, não teve a ajuda da sua amiga coragem. A dor, incapaz, só gemia. A tristeza, sempre inconstante, tentava ganhar forças nos braços da saudade. Parecia o fim. O desprezo teria razão... no coração das pessoas realmente ele era o sentimento mais poderoso. Mais mortal. Mais maligno.
Em meio a repentina glória ao desprezo, eis que entra na sala uma jovem de cabelos cumpridos. Nem alta, nem baixa. Nem gorda, nem magra. Nem branca, nem negra. De olhos e cabelos verdes.
- Como sempre, atrasada. - disse o desprezo. E completou: - tenho boas notícias. Eu sou o sentimento que predomina nos corações dos humanos. Sou o mais terrível. O mais maligno. O mais mortal. O mais temido. Ninguém conseguiu provar o contrário. Ficou bem claro aqui.
- Eu reconheço sua enorme força. Você é como um relâmpago. É um clarão forte de energia acumulada que se propaga pelos ares e depois some, impunemente. Você corta os corações das pessoas e não se importa com isso. Você destrói a bondade das pessoas. Você abre margens para a intolerância. Você finge adormecer... mas ao agir é como uma faísca em um mar incandescente. E quando menos as pessoas percebem há o seu tremor, há o trovão, a voz da sua ira. Mas saiba, desprezo, a mim você não assusta. Há movimento lá fora. Por mais que você convença as pessoas do contrário, eu sempre estarei com elas. Sabe porque? Porque mesmo que você mate todos os sentimentos desta sala a mim você não vai conseguir matar. Eu tenho inúmeros nomes... mas sou um único sentimento. Para quem acredita em mim você não vale nada. Tenho pena de ti e daqueles que lhe mantém vivo no coração. Mas saiba que para todos, até mesmo para aqueles que sofrem com sua estadia, ao pronunciar um único nome você já era. Tenho nome de fé. De compaixão. De misericórdia. Tenho nome de esperança.
Sem ter forças, o desprezo viu o seu fim diante da imensidão do verde da esperança. Derrotado se ausentou da sala.
- E vocês – completou a esperança aos demais sentimentos – cuidado com os poderes que vocês possuem. Não há sentimento bom. Não há sentimento mal. Não tentem ser uns melhores que outros. Vocês existem por se complementarem. Usem os poderes de vocês na dose certa e viverão em harmonia. Mas saibam que se algo der errado, será meu nome que irão chamar. E aquele que me chamar e acreditar em mim esterei pronta para acabar com qualquer um de vocês. - e ainda completou:
- E você, amor... a quem chamam de duradouro. Não há problema de ser indecifrável. Mas seja verdadeiro. Na minha ausência você será o síndico da casa. Será o síndico nos corações das pessoas.
16.6.08
Sentido Ausente
Ultimamente coisas estranhas estão acontecendo comigo. Algumas não muito boas. E sempre que possível eu coloco a culpa no cosmos. Realmente dá vontade de rir quando listo as mais curiosas e mais "ilusitadas" situações que tenho vivido nos últimos dias. E, desta vez, literalmente fiquei cego por 4 dias. Foi de repente. Perdi a visão, e o mundo escureceu-se.
No primeiro dia foi aquele impacto. Esbarrava em tudo tentando caminhar pela casa. Olhos ardendo. Vontade de gritar. "Estou perdendo minha prova de Finanças", "culpa daquela vizinha que jogou 'creolina' na rua p'ra 'detetizar' o caminho". Sou alérgico, alérgico a qualquer produto que contenha ácido sulfídrico.
Qualquer fiapo de luz me ofuscava. As frestas de luzes que saíam da porta fechada me atormentavam. Até o visor do celular me levou aos gritos de dor na manhã do segundo dia quando fui ver que horas eram. Desesperado, esperando as vistas melhorarem pelo menos um pouco, me preparava para ligar p'ra minha médica. Até que de repente, a magia aconteceu.
Percebi algo diferente comigo. Deixei a televisão sem brilho e, sem perceber, eu "assisti" a um filme inteiro apenas ouvindo os sons e os diálogos. Levei apenas alguns minutos para decorar todos os botões do meu controle-remoto, algo que não tinha feito até recentemente.
Eu conseguia identificar todos os objetos que minha mãe manuseava na cozinha, apenas ouvindo o barulho. Comecei a sentir como nunca o cheiro da comida sendo preparada. Eu podia adivinhar cada ingrediente do almoço apenas pelo olfato. O paladar, apurado como nunca, me fez identificar melhor os detalhes que eu não "enxergava" ao saborear antes.
E, a noite, estava afim de ouvir algumas músicas minhas, entre elas algumas clássicas. Aumentei o volume do meu "ampli" já esperando algo diferente. E foi o que aconteceu. Conseguia perceber com clareza cada nota, cada acorde, cada bemol, cada detalhe da melodia. Passei a gostar até mesmo daquela música que não "via" graça nenhuma. As ondas sonoras pairavam pela casa escura.
Já nos últimos dias, tinha o mapa da minha casa inteira na mente. Sabia ir da cozinha ao banheiro em segundos. Lógico, que tropecei numa cadeira no meio da sala. Com a canela doendo, pensei "mudaram de lugar durante a noite".
No último dia comecei a sentir saudades. Saudades das cores. Parecia que tudo fazia sentido com elas. E isso não dava p'reu imaginar com olhos fechados. É realmente difícil imaginar o azul, amarelo, verde, vermelho etc. A cor é o elemento principal dos sentidos. Até que, enfim, elas retornaram como nunca na manhã do quinto dia. E fui dando adeus ao preto.
Caminhando pela rua, com um sorriso idiota no rosto, diante de muito barulho, fumaça dos ônibus, gritaria, notícias sensacionais nos jornais, buzinas, sirenes... comecei a fazer parte novamente deste mundo cinza. O sorriso se desfez, meus olhos se fecharam... tentando não acreditar no que eu estava vendo... tentando acordar desse mundo sombrio.
----------------
Texto publicado por minha pessoa no blog Segredo Social em Setembro de 2007.
Um pouco grande, mas gostei tando que trouxe à Insaminus.
No primeiro dia foi aquele impacto. Esbarrava em tudo tentando caminhar pela casa. Olhos ardendo. Vontade de gritar. "Estou perdendo minha prova de Finanças", "culpa daquela vizinha que jogou 'creolina' na rua p'ra 'detetizar' o caminho". Sou alérgico, alérgico a qualquer produto que contenha ácido sulfídrico.
Qualquer fiapo de luz me ofuscava. As frestas de luzes que saíam da porta fechada me atormentavam. Até o visor do celular me levou aos gritos de dor na manhã do segundo dia quando fui ver que horas eram. Desesperado, esperando as vistas melhorarem pelo menos um pouco, me preparava para ligar p'ra minha médica. Até que de repente, a magia aconteceu.
Percebi algo diferente comigo. Deixei a televisão sem brilho e, sem perceber, eu "assisti" a um filme inteiro apenas ouvindo os sons e os diálogos. Levei apenas alguns minutos para decorar todos os botões do meu controle-remoto, algo que não tinha feito até recentemente.
Eu conseguia identificar todos os objetos que minha mãe manuseava na cozinha, apenas ouvindo o barulho. Comecei a sentir como nunca o cheiro da comida sendo preparada. Eu podia adivinhar cada ingrediente do almoço apenas pelo olfato. O paladar, apurado como nunca, me fez identificar melhor os detalhes que eu não "enxergava" ao saborear antes.
E, a noite, estava afim de ouvir algumas músicas minhas, entre elas algumas clássicas. Aumentei o volume do meu "ampli" já esperando algo diferente. E foi o que aconteceu. Conseguia perceber com clareza cada nota, cada acorde, cada bemol, cada detalhe da melodia. Passei a gostar até mesmo daquela música que não "via" graça nenhuma. As ondas sonoras pairavam pela casa escura.
Já nos últimos dias, tinha o mapa da minha casa inteira na mente. Sabia ir da cozinha ao banheiro em segundos. Lógico, que tropecei numa cadeira no meio da sala. Com a canela doendo, pensei "mudaram de lugar durante a noite".
No último dia comecei a sentir saudades. Saudades das cores. Parecia que tudo fazia sentido com elas. E isso não dava p'reu imaginar com olhos fechados. É realmente difícil imaginar o azul, amarelo, verde, vermelho etc. A cor é o elemento principal dos sentidos. Até que, enfim, elas retornaram como nunca na manhã do quinto dia. E fui dando adeus ao preto.
Caminhando pela rua, com um sorriso idiota no rosto, diante de muito barulho, fumaça dos ônibus, gritaria, notícias sensacionais nos jornais, buzinas, sirenes... comecei a fazer parte novamente deste mundo cinza. O sorriso se desfez, meus olhos se fecharam... tentando não acreditar no que eu estava vendo... tentando acordar desse mundo sombrio.
----------------
Texto publicado por minha pessoa no blog Segredo Social em Setembro de 2007.
Um pouco grande, mas gostei tando que trouxe à Insaminus.
31.12.07
Última folha
eis aqui a última anotação desse bloco de 365 páginas
nem todas elas foram preenchidas
assim como nem todas elas foram descritas aqui
mas, todas as páginas foram vividas intensamente
desde o despertar
até a tinta acabar
agora, um bloco novinho em folha para registrar
registrar aqui o que ainda estar por vir
na crista da felicidade viverei
na primeira folha, um sorriso seu desenharei
Feliz 2008 a todos!
nem todas elas foram preenchidas
assim como nem todas elas foram descritas aqui
mas, todas as páginas foram vividas intensamente
desde o despertar
até a tinta acabar
agora, um bloco novinho em folha para registrar
registrar aqui o que ainda estar por vir
na crista da felicidade viverei
na primeira folha, um sorriso seu desenharei
Feliz 2008 a todos!
27.12.07
Domínio
Os guardiões estão sempre atentos para possíveis invasões às terras férteis da parte central do continente. Há somente dois. Um em cada portão da gigantesca cidade. Dias e noites, os divinos protetores vigiavam atentamente cada movimento vindo do horizonte. Não dormiam. Não comiam. Não piscavam. Imóveis como uma estátua. Prontos para entrar em ação se preciso.
A força e o poder desses dois seres era tão escomunal que qualquer um deles poderia explodir a cidade inteira invocando as forças dos seus deuses. Todos os respeitavam. Todos os admiravam. Todos os habitantes davam créditos de confiança às duas criaturas, cada uma em pontos distintos da cidade. Um era o extremo do outro.
Até que um dia, de tanto esperar pelo perigo, um dos guardiões adormeceu. No sétimo minuto de seu cochilo uma flecha, vindo de cavernas próximas, atingiu seu pescoço, perfurando a coluna que sobe para nuca. Morte na hora.
Foi então que a invasão começou. Diversas criaturas das trevas, das cavernas, dos rios, das florestas, do mar e do ar apareceram para finalmente dominar o único trecho de terra que ainda era protegido por seres divinos. A população entrou em pânico e começou a fazer preces ao único guardião que a cidade possuía.
O ser divino, ouvindo as preces, relutou em obedecer. Porém, ergueu a cabeça e decidiu atender o pedido de seu povo. Deslocou-se calmamente para o centro da cidade juntamente com todos os habitantes. Esperou os inimigos passarem os limites das fronteiras, quando então uma enorme bolha de pressão, fogo e destruição formou-se a partir do centro estendendo as partes mais longínquas possíveis.
A vida deixou de existir. A terra tornou-se estéril. O céu escureceu.
"- Crianças! Não brinquem na lama imunda!
- Estamos fazendo um castelo de barro mãe..."
A força e o poder desses dois seres era tão escomunal que qualquer um deles poderia explodir a cidade inteira invocando as forças dos seus deuses. Todos os respeitavam. Todos os admiravam. Todos os habitantes davam créditos de confiança às duas criaturas, cada uma em pontos distintos da cidade. Um era o extremo do outro.
Até que um dia, de tanto esperar pelo perigo, um dos guardiões adormeceu. No sétimo minuto de seu cochilo uma flecha, vindo de cavernas próximas, atingiu seu pescoço, perfurando a coluna que sobe para nuca. Morte na hora.
Foi então que a invasão começou. Diversas criaturas das trevas, das cavernas, dos rios, das florestas, do mar e do ar apareceram para finalmente dominar o único trecho de terra que ainda era protegido por seres divinos. A população entrou em pânico e começou a fazer preces ao único guardião que a cidade possuía.
O ser divino, ouvindo as preces, relutou em obedecer. Porém, ergueu a cabeça e decidiu atender o pedido de seu povo. Deslocou-se calmamente para o centro da cidade juntamente com todos os habitantes. Esperou os inimigos passarem os limites das fronteiras, quando então uma enorme bolha de pressão, fogo e destruição formou-se a partir do centro estendendo as partes mais longínquas possíveis.
A vida deixou de existir. A terra tornou-se estéril. O céu escureceu.
"- Crianças! Não brinquem na lama imunda!
- Estamos fazendo um castelo de barro mãe..."
5.11.07
Mãe de todos os vícios – Parte 2
- Porque "mãe"? Não seria "pai"?
- Não! Ser mãe significa ter vários significados! Mãe que cuida. Que gesta. Que gera. Que procria. Que educa. Que transforma. Que acompanha. Que se preocupa. Que chora. Que se orgulha. É a referência maior.
- Aahmm!
Sim... o desejo é a mãe de todos os vícios sentimentais. Ele que gera, que dá cria, que leva a vida a todos os outros vícios. E, como todo vício, há sempre o desejo de querer mais. E somos quase que obrigados a injetar na veia mais dessa droga. A ponto de perdermos a noção do ridículo, da razão, da (a)normalidade das coisas.
São estímulos. Desejamos injetar. Desejamos cheirar. Desejamos tocar. Desejamos ouvir. Desejamos olhar. Desejamos degustar. Desejamos sentir. Desejamos possuir. Esse instinto. Instinto animal! E não nos contentamos com pouco, queremos sempre mais. E quando temos tudo, quando consumimos tudo, partimos para coisas novas.
Então... acionamos outros vícios. Atacamos com outras armas. Consumimos. Até esgotar. Queremos mais e sempre mais. Como... como um... como um câncer.
- Mãe?
- Sim.
- Porque não nos contentamos com o que temos?
- Não sei, meu filho. A satisfação das pessoas mudam. Não tem fim.
- Hm... e qual é a sua satisfação no momento?
- Bom... é ver você crescer, vencer, ser feliz e passar isso para seus filhos.
- Hm... mas... e uma satisfação sua? Uma satisfação pessoal?
- Estar viva até lá.
- Não! Ser mãe significa ter vários significados! Mãe que cuida. Que gesta. Que gera. Que procria. Que educa. Que transforma. Que acompanha. Que se preocupa. Que chora. Que se orgulha. É a referência maior.
- Aahmm!
Sim... o desejo é a mãe de todos os vícios sentimentais. Ele que gera, que dá cria, que leva a vida a todos os outros vícios. E, como todo vício, há sempre o desejo de querer mais. E somos quase que obrigados a injetar na veia mais dessa droga. A ponto de perdermos a noção do ridículo, da razão, da (a)normalidade das coisas.
São estímulos. Desejamos injetar. Desejamos cheirar. Desejamos tocar. Desejamos ouvir. Desejamos olhar. Desejamos degustar. Desejamos sentir. Desejamos possuir. Esse instinto. Instinto animal! E não nos contentamos com pouco, queremos sempre mais. E quando temos tudo, quando consumimos tudo, partimos para coisas novas.
Então... acionamos outros vícios. Atacamos com outras armas. Consumimos. Até esgotar. Queremos mais e sempre mais. Como... como um... como um câncer.
- Mãe?
- Sim.
- Porque não nos contentamos com o que temos?
- Não sei, meu filho. A satisfação das pessoas mudam. Não tem fim.
- Hm... e qual é a sua satisfação no momento?
- Bom... é ver você crescer, vencer, ser feliz e passar isso para seus filhos.
- Hm... mas... e uma satisfação sua? Uma satisfação pessoal?
- Estar viva até lá.
30.10.07
Miopia em águas turvas!
"Os peixes não falam. Mas as pessoas falam demais."
É como se algo sempre te puxasse pra trás. Você tenta nadar junto à maré, mas sempre tem uma linha que impede em ser livre.
Já cansei de ficar nadando contra a correnteza. Cansei de bancar o salmão e encarar subir cataratas numa atitude quase suicida. Acho que a única maneira de provar que sou eu mesmo É SER eu mesmo. Não preciso provar mais nada p’ra ninguém. Tem horas que não dá mais p’ra ser bonzinho e nessas horas algumas atitudes mais ríspidas devem ser tomadas.
Parece que o momento é o que importa. Do nada esquecem os valores, as histórias, as origens e as dores. Toma-se a visão instantânea como a grande verdade absoluta. Quem está de fora nunca percebe os detalhes. Tudo é distorcido. Mal julgado. É a Miopia do Ofício!
Que inferno! Parece que não aprendeu nada das lições que a vida, pacientemente, ensinava. Só que dessa vez, vou deixar de absorver as coisas ruins e passar a dar valor aos que realmente querem agregar valores!
"Peixe fisgado pelo anzol, quando se livra, viverá eternamente com a boca cortada!"
É como se algo sempre te puxasse pra trás. Você tenta nadar junto à maré, mas sempre tem uma linha que impede em ser livre.
Já cansei de ficar nadando contra a correnteza. Cansei de bancar o salmão e encarar subir cataratas numa atitude quase suicida. Acho que a única maneira de provar que sou eu mesmo É SER eu mesmo. Não preciso provar mais nada p’ra ninguém. Tem horas que não dá mais p’ra ser bonzinho e nessas horas algumas atitudes mais ríspidas devem ser tomadas.
Parece que o momento é o que importa. Do nada esquecem os valores, as histórias, as origens e as dores. Toma-se a visão instantânea como a grande verdade absoluta. Quem está de fora nunca percebe os detalhes. Tudo é distorcido. Mal julgado. É a Miopia do Ofício!
Que inferno! Parece que não aprendeu nada das lições que a vida, pacientemente, ensinava. Só que dessa vez, vou deixar de absorver as coisas ruins e passar a dar valor aos que realmente querem agregar valores!
"Peixe fisgado pelo anzol, quando se livra, viverá eternamente com a boca cortada!"
18.10.07
Mãe de todos os vícios – Parte 1
Recentemente falei sobre Vícios Sentimentais aqui na Insaminus, e tenho conversado bastante com amigos meus sobre o tema. Na verdade eu não explicitei a eles o foco do assunto, mas consegui faze-los expor, sem perceberem, as idéias e opiniões sobre os sentimentos que nos movem. E começarei falando sobre a mãe de todos os vícios: o desejo. O estímulo principal que dispara todos as nossas dependências físicas, psíquicas e mentais. Esse vício que nos leva a cometer atos magistrais à hediondos.
Que fique bem claro, antes de tudo, que desejar é natural, é humano, é sadio... e necessário! Através dele que despertamos sentimentos poderosos como a boa ambição, a má ambição, o medo, a inveja, o carinho, a paixão, a sensualidade e o amor. E os nossos desejos fisiológicos também são bem-vindos. É através deles que demonstramos o quanto é importante saciar um desejo.
A mãe de todos os vícios sentimentais é responsável por rabiscar as linhas da vida. Somos empurrados à enxurradas de estímulos, sensações, oportunidades; que nem sempre estamos dispostos a lutar pelo que queremos; mas que muitas das vezes não resistimos a tanta tentação sensorial. Imagens, sons, toques, cheiros, lembranças... tudo isso serve de ferramentas para um vício tão primata que nos acompanha desde os primeiros segundos de vida no ventre de nossas mães.
O desejo desperta o instinto animal. O desejo é pioneiro. É diamante bruto. É primordial. É essencial. É gênesis. Antes de qualquer outro vício sentimental, há o desejo. Seja o paradigma do amor, seja a primazia do orgulho, ou a turbulência do ódio devastador, a avassaladora paixão, o sofrimento da dor e o mais triste dos sentimentos: a saudade.
Com exceção do amor (que dá muito pano p'ra manga) posso dizer que o sentimento como o ódio é o desejo de exterminar um conceito; o orgulho é o desejo de manter íntegro as convicções humanas; a paixão é o desejo de querer mais da pessoa apaixonante; a dor é o desejo de... bem... "toda dor vem do desejo de não sentirmos dor" - Legião Urbana. E a saudade acho que é auto-explicativa, ela é a forma mais clara, mais branda, mais nobre, mas forte da mãe de todos os vícios... esse vício sentimental que nos leva a desejar.
Que fique bem claro, antes de tudo, que desejar é natural, é humano, é sadio... e necessário! Através dele que despertamos sentimentos poderosos como a boa ambição, a má ambição, o medo, a inveja, o carinho, a paixão, a sensualidade e o amor. E os nossos desejos fisiológicos também são bem-vindos. É através deles que demonstramos o quanto é importante saciar um desejo.
A mãe de todos os vícios sentimentais é responsável por rabiscar as linhas da vida. Somos empurrados à enxurradas de estímulos, sensações, oportunidades; que nem sempre estamos dispostos a lutar pelo que queremos; mas que muitas das vezes não resistimos a tanta tentação sensorial. Imagens, sons, toques, cheiros, lembranças... tudo isso serve de ferramentas para um vício tão primata que nos acompanha desde os primeiros segundos de vida no ventre de nossas mães.
O desejo desperta o instinto animal. O desejo é pioneiro. É diamante bruto. É primordial. É essencial. É gênesis. Antes de qualquer outro vício sentimental, há o desejo. Seja o paradigma do amor, seja a primazia do orgulho, ou a turbulência do ódio devastador, a avassaladora paixão, o sofrimento da dor e o mais triste dos sentimentos: a saudade.
Com exceção do amor (que dá muito pano p'ra manga) posso dizer que o sentimento como o ódio é o desejo de exterminar um conceito; o orgulho é o desejo de manter íntegro as convicções humanas; a paixão é o desejo de querer mais da pessoa apaixonante; a dor é o desejo de... bem... "toda dor vem do desejo de não sentirmos dor" - Legião Urbana. E a saudade acho que é auto-explicativa, ela é a forma mais clara, mais branda, mais nobre, mas forte da mãe de todos os vícios... esse vício sentimental que nos leva a desejar.
2.4.07
Nomes
- Sabe quando às vezes você olha pro lado e percebe que ninguém está te olhando?
- Isso se chama solidão.
- E quando a gente treme ao ver um rosto conhecido?
- Isso se chama trauma.
- Mas nem sempre a gente procura. Parece que nos persegue.
- Isso se chama neurose.
- E nas noites frias, acordamos gritando um nome.
- Isso se chama passado.
- Que muitas das vezes prende a respiração e tira a lucidez.
- Isso se chama compulsão.
- Que dói aqui ó... bem aqui...
- Isso se chama saudade.
- A autodestruição pode ser uma boa saída...
- Isso se chama loucura!
- Contrapondo com o aprendizado de vida.
- Isso se chama sensatez.
- E este mundo?
- Isso se chama presente.
- E há um desejo insano... de vencer isso tudo.
- Isso se chama sede.
- Mas penso em fazer as malas, ir pra bem longe, fugir e não aparecer mais.
- Isso se chama medo.
- Queria ter alguém... aqui... ao lado...
- Isso se chama carência.
- Não! Me perco num olhar... não sei de onde vem... mesmo que distante.
- Isso se chama futuro.
- ...
- ...
- Como te chamas?
- Consciência.
- Isso se chama solidão.
- E quando a gente treme ao ver um rosto conhecido?
- Isso se chama trauma.
- Mas nem sempre a gente procura. Parece que nos persegue.
- Isso se chama neurose.
- E nas noites frias, acordamos gritando um nome.
- Isso se chama passado.
- Que muitas das vezes prende a respiração e tira a lucidez.
- Isso se chama compulsão.
- Que dói aqui ó... bem aqui...
- Isso se chama saudade.
- A autodestruição pode ser uma boa saída...
- Isso se chama loucura!
- Contrapondo com o aprendizado de vida.
- Isso se chama sensatez.
- E este mundo?
- Isso se chama presente.
- E há um desejo insano... de vencer isso tudo.
- Isso se chama sede.
- Mas penso em fazer as malas, ir pra bem longe, fugir e não aparecer mais.
- Isso se chama medo.
- Queria ter alguém... aqui... ao lado...
- Isso se chama carência.
- Não! Me perco num olhar... não sei de onde vem... mesmo que distante.
- Isso se chama futuro.
- ...
- ...
- Como te chamas?
- Consciência.
17.12.06
Abre Cortinas... Vida... Fecha Cortinas
Por todos os valores que uma pessoa cultiva, o reconhecimento é sempre bem vindo. Para quem vive no mundo das artes, isso é fundamental. A arte deve sobressair sobre qualquer outra forma de expressão. Mas desconfio que se expressar é um ato já engolido pela denominação ordinal das Artes.
A vida seria uma denominação (talvez a nona, a décima), pois estamos em constante cenas de dramaturgias reais. Os personagens são muitos, o figurino também. Aqui há luzes demais, há falas demais, há choro demais, há risos demais. E nos apresentamos para uma platéia formada por outros atores. Não há espectadores isolados do palco. O palco é a vida. O fechar das cortinas é a morte.
Mas aqui há a sensação de insignificância. É triste não receber um reconhecimento. É triste não receber um sorriso. É triste saber que, quando isso acontece, é apenas uma forma para não quebrar o protocolo, apenas para manter os bons costumes. E acima de tudo, é triste saber que mesmo com uma platéia enorme, os protagonistas estão sempre de costas entre eles.
A vida seria uma denominação (talvez a nona, a décima), pois estamos em constante cenas de dramaturgias reais. Os personagens são muitos, o figurino também. Aqui há luzes demais, há falas demais, há choro demais, há risos demais. E nos apresentamos para uma platéia formada por outros atores. Não há espectadores isolados do palco. O palco é a vida. O fechar das cortinas é a morte.
Mas aqui há a sensação de insignificância. É triste não receber um reconhecimento. É triste não receber um sorriso. É triste saber que, quando isso acontece, é apenas uma forma para não quebrar o protocolo, apenas para manter os bons costumes. E acima de tudo, é triste saber que mesmo com uma platéia enorme, os protagonistas estão sempre de costas entre eles.
11.11.06
Duet
- Em minha mente...
"Lost inside my sick head
I live for you but I'm not alive
Take my hands before I kill
I still love you, I still burn"
"Show me who you are
I'll show you what you love
I'll give you half the world if that's enough
Let me take you down
Let me see you smile
Let me rest my head here for a while
In the end we'll leave it all behind
Cos the life I think I'm trying to find
Is probably all in the mind"
- Saía tudo errado... mas era de coração...
- Deixe-me descançar minha cabeça aqui por algum tempo...
- Hã...
- Não. Era só um sonho... see u...
"Lost inside my sick head
I live for you but I'm not alive
Take my hands before I kill
I still love you, I still burn"
"Show me who you are
I'll show you what you love
I'll give you half the world if that's enough
Let me take you down
Let me see you smile
Let me rest my head here for a while
In the end we'll leave it all behind
Cos the life I think I'm trying to find
Is probably all in the mind"
- Saía tudo errado... mas era de coração...
- Deixe-me descançar minha cabeça aqui por algum tempo...
- Hã...
- Não. Era só um sonho... see u...
30.9.06
"A" Insaminus
No princípio era A magia. Expressávamos A descoberta que vivificamos com A renovação.
Amadurecemos A idéia e encontramos A afirmação das coisas que seguiam A paixão.
Com A compreensão geramos A força que unia A relação.
A tempestade seguia com A fúria causando A devastação.
Hoje A certeza do futuro vem com A esperança de um amor levado A redenção.
Amadurecemos A idéia e encontramos A afirmação das coisas que seguiam A paixão.
Com A compreensão geramos A força que unia A relação.
A tempestade seguia com A fúria causando A devastação.
Hoje A certeza do futuro vem com A esperança de um amor levado A redenção.
12.7.06
Contos #2
- É alto, né?
- É!
( pausa )
- Você fuma!
- Não... odeio cigarro.
- Faz bem! Cuide de sua saúde.
- Na verdade, disso nunca deixei de cuidar.
- E do que não cuidou?
- De muitas coisa que só fizeram sentido depois que fugiram do meu controle.
- Entendo...
( longa pausa )
- Seria legal se todos entendessem também.
( pausa )
- E precisa de entendimento?
- Precisa. Eu sempre tentei fugir das coisas ruins, do meu modo.
( pausa )
- Pelo menos você tem a vista.
- Só que dura pouco.
- Faça durar. Vai estar sempre aqui.
- Não... não estará aqui.
- Talvez... no momento certo.
- Provavelmente eu devo merecer tudo isso que estou passando, só não contava que acontecesse num momento bom da minha vida.
- E nos maus momentos?
- Eu mantenho vivo os bons momentos, que ironicamente são os que mais me machucam.... já os demais eu costumo esquecer...
- E o que te faz esquecer?
- A pressão dos que me sufocam mantendo vivo o que nunca me agradou.
- Erros?
- Alguns sim, outros talvez.
- Cobranças?
- Não mais... porque talvez não faz mais sentido.
- Ruim seria se existisse resposta para tudo...
( pausa )
- Acredito que chegou o fim do meu livro dos dias.
- Rescreva-o. Esta é só a primeira edição.
- É uma história chata...
- Que pode terminar com um belo pôr do sol...
- Como este...
(longa pausa)
- Bom... eu vou indo. A gente ainda se encontra lá em cima.
- É!
( pausa )
- Você fuma!
- Não... odeio cigarro.
- Faz bem! Cuide de sua saúde.
- Na verdade, disso nunca deixei de cuidar.
- E do que não cuidou?
- De muitas coisa que só fizeram sentido depois que fugiram do meu controle.
- Entendo...
( longa pausa )
- Seria legal se todos entendessem também.
( pausa )
- E precisa de entendimento?
- Precisa. Eu sempre tentei fugir das coisas ruins, do meu modo.
( pausa )
- Pelo menos você tem a vista.
- Só que dura pouco.
- Faça durar. Vai estar sempre aqui.
- Não... não estará aqui.
- Talvez... no momento certo.
- Provavelmente eu devo merecer tudo isso que estou passando, só não contava que acontecesse num momento bom da minha vida.
- E nos maus momentos?
- Eu mantenho vivo os bons momentos, que ironicamente são os que mais me machucam.... já os demais eu costumo esquecer...
- E o que te faz esquecer?
- A pressão dos que me sufocam mantendo vivo o que nunca me agradou.
- Erros?
- Alguns sim, outros talvez.
- Cobranças?
- Não mais... porque talvez não faz mais sentido.
- Ruim seria se existisse resposta para tudo...
( pausa )
- Acredito que chegou o fim do meu livro dos dias.
- Rescreva-o. Esta é só a primeira edição.
- É uma história chata...
- Que pode terminar com um belo pôr do sol...
- Como este...
(longa pausa)
- Bom... eu vou indo. A gente ainda se encontra lá em cima.
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