Quando pequeno gostava da cor do céu, agora gosto da cor do vinho.
Quando jovem defendia a cor da coragem, agora temo pela cor do medo.
Quando estudante lutava pela cor azul, agora luto pela cor da conta bancária.
Quando solteiro vivia a cor da noite, agora curto a cor do pecado.
Quando viajava sentia a cor do vento, agora percebo a cor do tempo.
Quando músico ouvia a cor de la, agora dissono a cor de si.
Quando velho admirava a cor do mar, agora não há cor a lembrar.
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25.5.09
28.11.08
Atos
Assim com tudo na minha vida os textos que escrevo aqui oscilam entre o céu e o inferno. Entre o escuro e o claro. É um paradoxo que me cerca que me faz sentir assim. Os extremos me perseguem... as letras me perseguem... os dias de chuva também. Há um eco em minha sala em minha sala.
Não, eu não estou escrevendo em primeira pessoa... odeio fazer isso, ainda mais no tempo presente. Gosto do Pretérito Perfeito e odeio o Futuro do Pretérito. Porque, meu Deus, são tantos tempos? Porque diabos ainda não pensei nisso antes? Se pensei, não senti. Se senti, não vivi.
Pensar, sentir, viver. É provavelmente a seqüencia de atos cometidos por minha alma momentos antes de escrever em meu blog.
Não, eu não estou escrevendo em primeira pessoa... odeio fazer isso, ainda mais no tempo presente. Gosto do Pretérito Perfeito e odeio o Futuro do Pretérito. Porque, meu Deus, são tantos tempos? Porque diabos ainda não pensei nisso antes? Se pensei, não senti. Se senti, não vivi.
Pensar, sentir, viver. É provavelmente a seqüencia de atos cometidos por minha alma momentos antes de escrever em meu blog.
19.8.08
Lara e Julie
Lara troca a noite pelo dia, Julie o dia pela noite
Lara gosta de jogar bola com os meninos, Julie gosta de dar bola para os meninos
Lara é meio cheinha, Julie sempre precisa perder 2kg
Lara fala dormindo, Julie dorme enquanto fala
Lara fala o que pensa, Julie fala sem pensar
Fiel abana o rabo para Lara, Fifi é afagada por Julie
Lara bate os dentes no inverno, Julie range os dentes no verão
Lara sempre pega resfriado, Julie conjuntivite
Lara é fera com números na escola, Julie é fera com números no shopping
Lara não lembra o último livro que leu, Julie coleciona livros de consagrados escritores
Lara gosta do menino da rua do lado, os meninos da rua do lado gostam da Julie
Lara deseja beijar amanhã, Julie não sabe quem a beijou ontem
Lara deseja casar e ter filhos, Julie deseja ser aeromoça
Lara gosta de jogar bola com os meninos, Julie gosta de dar bola para os meninos
Lara é meio cheinha, Julie sempre precisa perder 2kg
Lara fala dormindo, Julie dorme enquanto fala
Lara fala o que pensa, Julie fala sem pensar
Fiel abana o rabo para Lara, Fifi é afagada por Julie
Lara bate os dentes no inverno, Julie range os dentes no verão
Lara sempre pega resfriado, Julie conjuntivite
Lara é fera com números na escola, Julie é fera com números no shopping
Lara não lembra o último livro que leu, Julie coleciona livros de consagrados escritores
Lara gosta do menino da rua do lado, os meninos da rua do lado gostam da Julie
Lara deseja beijar amanhã, Julie não sabe quem a beijou ontem
Lara deseja casar e ter filhos, Julie deseja ser aeromoça
13.6.08
13 Letras
Sou fanático por números e nunca escondi isso. E tenho uma certa admiração pelo número 13. É um número que me passa uma certa instabilidade. Falta alguma coisa. Não sei o que é. Falta decifra-lo.
É incompleto, incompreensível. Mas gosto das coisas incompletas. O inacabado me estimula a continuar construindo. O incompleto me traz a sessação de querer mais. Gosto de ver um quebra-cabeça faltando apenas um peça. É infalso, falta equilíbrio. Ouvir aquela música que termina sem um belo desfecho. Ter aquela sensação estranha ao subir uma escada rolante quebrada. E de não tomar aquele último gole do excelente vinho na taça.
Esse número representa a fuga do previsível, do comum, da rotina. Gosto de histórias mal acabadas. De finais incertos. Lembro que final incerto não necessariamente é o final surpreendente, pois este todos já esperam acontecer. As letras do filme sobem e sempre há um extra a ser visto. Gosto dos extras, gostos das letras, gosto das treze letras que compõe um final feliz.
Crendices ou não, 13 pode até ser um número como qualquer outro. Mas tens traços de incoerência, falta de capricho, inconsistência e uma doce e humana hipocrisia que nos cai tão bem.
É incompleto, incompreensível. Mas gosto das coisas incompletas. O inacabado me estimula a continuar construindo. O incompleto me traz a sessação de querer mais. Gosto de ver um quebra-cabeça faltando apenas um peça. É infalso, falta equilíbrio. Ouvir aquela música que termina sem um belo desfecho. Ter aquela sensação estranha ao subir uma escada rolante quebrada. E de não tomar aquele último gole do excelente vinho na taça.
Esse número representa a fuga do previsível, do comum, da rotina. Gosto de histórias mal acabadas. De finais incertos. Lembro que final incerto não necessariamente é o final surpreendente, pois este todos já esperam acontecer. As letras do filme sobem e sempre há um extra a ser visto. Gosto dos extras, gostos das letras, gosto das treze letras que compõe um final feliz.
Crendices ou não, 13 pode até ser um número como qualquer outro. Mas tens traços de incoerência, falta de capricho, inconsistência e uma doce e humana hipocrisia que nos cai tão bem.
14.4.08
Hardcore
Ao ligar o botão a música é tocada em tons menores. A melodia é doce e bonita. O som é inconfundível e muito fácil memorizar. Mesmo quando surgem os primeiros acordes dissonantes, fugindo um pouco do campo harmônico, ainda assim há leveza e pureza nas oscilantes ondas de longa perduração.
Um ritmo mais acelerado é imposto pela inquieta bateria, até então ociosa e ansiosa por querer se juntar aos demais instrumentos. O Som dos diferente tons unidos com repiques de contra-tempo acrescentam um ingrediente rodeado de mistério ao som exalado pelo conjunto.
Mas há as notas graves. O grave entra em contraste com a percussão perdendo o tom, ritmo e compasso. Simplesmente pelo grave. Pela desconcentração do conjunto.
O grave. O suficiente para a bateria iniciar seu número particular de hardcore. Enquanto a flauta cria sua sessão de nostalgia glissando notas remotas. O piano, quieto, se contorcendo por não haver quem afinasse suas cordas. A harpa harpeja, e festeja, por poder finalmente harpejar. Cada violino e cada violoncelo numa nota só, mas cada qual com seu timbre. E já que ninguém deu corda ao violão, este por sua vez, lança-se contra a parede só pra exibir seu som. Os metais, irritantes, chocam-se entre si, pois unidos conseguem fazer bastante barulho.
Tudo isso pelo grave. A verdade das notas. O eco exibicionista que não se dilui no tempo nem no espaço. O instrumento que aprender a toca-la primeiro levará aos demais instrumentos a buscar sua própria melodia. Sem muita harmonia, é verdade... mas com um belo show de exibicionismo gratuito.
Um ritmo mais acelerado é imposto pela inquieta bateria, até então ociosa e ansiosa por querer se juntar aos demais instrumentos. O Som dos diferente tons unidos com repiques de contra-tempo acrescentam um ingrediente rodeado de mistério ao som exalado pelo conjunto.
Mas há as notas graves. O grave entra em contraste com a percussão perdendo o tom, ritmo e compasso. Simplesmente pelo grave. Pela desconcentração do conjunto.
O grave. O suficiente para a bateria iniciar seu número particular de hardcore. Enquanto a flauta cria sua sessão de nostalgia glissando notas remotas. O piano, quieto, se contorcendo por não haver quem afinasse suas cordas. A harpa harpeja, e festeja, por poder finalmente harpejar. Cada violino e cada violoncelo numa nota só, mas cada qual com seu timbre. E já que ninguém deu corda ao violão, este por sua vez, lança-se contra a parede só pra exibir seu som. Os metais, irritantes, chocam-se entre si, pois unidos conseguem fazer bastante barulho.
Tudo isso pelo grave. A verdade das notas. O eco exibicionista que não se dilui no tempo nem no espaço. O instrumento que aprender a toca-la primeiro levará aos demais instrumentos a buscar sua própria melodia. Sem muita harmonia, é verdade... mas com um belo show de exibicionismo gratuito.
24.12.07
Balança
Já a libertinagem está do lado de fora. A rebeldia. A anarquia. A resistência. A oposição. Tão cega e tão matriciais que negam as poucas verdades absolutas que movem esse mundo. Paralisam, bloqueiam, regridem e secam as raízes mais profundas dos poucos valores que ainda resistem nessa gigantesca caverna.
Há paradoxo no equilíbrio das coisas. Não há suportes que caibam todas as idealizações do que é verdadeiro e do que é falso. Do que é certo, do que é errado. Há mitos demais. Há ritos demais. Há símbolos demais. Há intolerância. Há padrões. Há o novo velho jeito de se livrar dos seus próprio medos. Sem ser sincero. Sem dizer o que realmente pensa. Sem transparecer a alma. Sem sombra. Sem luz. Sem imagens.
17.12.06
Abre Cortinas... Vida... Fecha Cortinas
Por todos os valores que uma pessoa cultiva, o reconhecimento é sempre bem vindo. Para quem vive no mundo das artes, isso é fundamental. A arte deve sobressair sobre qualquer outra forma de expressão. Mas desconfio que se expressar é um ato já engolido pela denominação ordinal das Artes.
A vida seria uma denominação (talvez a nona, a décima), pois estamos em constante cenas de dramaturgias reais. Os personagens são muitos, o figurino também. Aqui há luzes demais, há falas demais, há choro demais, há risos demais. E nos apresentamos para uma platéia formada por outros atores. Não há espectadores isolados do palco. O palco é a vida. O fechar das cortinas é a morte.
Mas aqui há a sensação de insignificância. É triste não receber um reconhecimento. É triste não receber um sorriso. É triste saber que, quando isso acontece, é apenas uma forma para não quebrar o protocolo, apenas para manter os bons costumes. E acima de tudo, é triste saber que mesmo com uma platéia enorme, os protagonistas estão sempre de costas entre eles.
A vida seria uma denominação (talvez a nona, a décima), pois estamos em constante cenas de dramaturgias reais. Os personagens são muitos, o figurino também. Aqui há luzes demais, há falas demais, há choro demais, há risos demais. E nos apresentamos para uma platéia formada por outros atores. Não há espectadores isolados do palco. O palco é a vida. O fechar das cortinas é a morte.
Mas aqui há a sensação de insignificância. É triste não receber um reconhecimento. É triste não receber um sorriso. É triste saber que, quando isso acontece, é apenas uma forma para não quebrar o protocolo, apenas para manter os bons costumes. E acima de tudo, é triste saber que mesmo com uma platéia enorme, os protagonistas estão sempre de costas entre eles.
18.10.06
Utopia
É humanamente impossível viver em eterna utopia. As coisas nunca se harmonizam perfeitamente, em qualquer ponto de vista. E foi pensando nisso que percebi que ingenuamente vou tentando fugir em busca de uma perfeição que não existe. Tenho visto filmes diferentes. Ido em lugares que nunca fui. Ouvindo bandas novas. Abandonando o preto do meu vestuário e usando mais cores. E até tendo coragem de tomar atitudes que nunca tomei antes.
A utopia seria a união perfeita dos dois lados da moeda que serão eternamente opostas. E isso eu não percebi... nem com toda ingenuidade que ainda tenho.
O sorriso, que antes era certo, mesmo preso, me desperta para refletir o que eu ouvi outro dia – "eu quando estou triste, não tenho coragem de ler o seu blog". O que me retalha são lembranças como escrevi em "Pés de Agulha" e deixei transparecer em "nid". Mas provavelmente "Onde há luz..." foi o que me tirou mais o sono durante noites. E este quando vinha me trazia algo como em "Me observando... mas de onde?".
A utopia seria o equilíbrio de toda intensidade de se viver entre a angústia e o deleite. E isso não percebi... nem com as lembranças que me retalharam.
As cores são bem vindas. O preto é um uniforme. Grato ao diferenciar um lado que eu não conhecia. Coragem não me falta em agir como não agi antes e evitar de agir como agi antes. Não precisa ter medo. Não precisa perder a coragem. O sorriso é expontâneo em dias nublados com a brisa fria do vento.
A utopia seria estarmos prontos para um olhar que invadisse nossa alma em busca do desconhecido chamado amor. E isso eu não percebi... nem mesmo quando minha alma não estava sozinha.
[ escutando direto: "Fingers in the Factories (Editors)" ]
A utopia seria a união perfeita dos dois lados da moeda que serão eternamente opostas. E isso eu não percebi... nem com toda ingenuidade que ainda tenho.
O sorriso, que antes era certo, mesmo preso, me desperta para refletir o que eu ouvi outro dia – "eu quando estou triste, não tenho coragem de ler o seu blog". O que me retalha são lembranças como escrevi em "Pés de Agulha" e deixei transparecer em "nid". Mas provavelmente "Onde há luz..." foi o que me tirou mais o sono durante noites. E este quando vinha me trazia algo como em "Me observando... mas de onde?".
A utopia seria o equilíbrio de toda intensidade de se viver entre a angústia e o deleite. E isso não percebi... nem com as lembranças que me retalharam.
As cores são bem vindas. O preto é um uniforme. Grato ao diferenciar um lado que eu não conhecia. Coragem não me falta em agir como não agi antes e evitar de agir como agi antes. Não precisa ter medo. Não precisa perder a coragem. O sorriso é expontâneo em dias nublados com a brisa fria do vento.
A utopia seria estarmos prontos para um olhar que invadisse nossa alma em busca do desconhecido chamado amor. E isso eu não percebi... nem mesmo quando minha alma não estava sozinha.
[ escutando direto: "Fingers in the Factories (Editors)" ]
8.9.06
"Pés de agulha"
Desde quando criança, incorporamos em nossas almas muitos tiques e manias. O que leva uma criança a chupar o dedo e colocar a mão na orelha? Fazer bico quando está concentrado e escrevendo no caderno? Aos adultos também não é diferente. Quantas vezes já observamos uma pessoa de cabelos cumpridos enrolando algum cacho nos dedos enquanto pensativa? Ou estalar os dedos enquanto nervosa? Estremecer a cabeça enquanto está distraído ou prestando atenção em algo?
Não faço a menor idéia de como explicar porque isso acontece. Acredito que a pessoa adquire essas manias por sentir-se bem, por vício ou por aprender com a vida. Algumas dessas manias são interessantes. Algumas eternas. Algumas até descrevem o jeito sapeca de uma pessoa.
Sei que esses tiques e manias caracterizam uma pessoa. E você passa a gostar, a conviver e até sentir saudades... sim, com o tempo, uma dessas manias que você achava totalmente estranha se incorpora em sua vida de tal maneira que a ausência te leva a momentos de pura nostalgia. Algumas pessoas realmente marcam por possuírem manias bem curiosas.
Provavelmente eu devo ter algumas... só não sei se agradam/agradaram aos que estão ou estavam comigo.
Não faço a menor idéia de como explicar porque isso acontece. Acredito que a pessoa adquire essas manias por sentir-se bem, por vício ou por aprender com a vida. Algumas dessas manias são interessantes. Algumas eternas. Algumas até descrevem o jeito sapeca de uma pessoa.
Sei que esses tiques e manias caracterizam uma pessoa. E você passa a gostar, a conviver e até sentir saudades... sim, com o tempo, uma dessas manias que você achava totalmente estranha se incorpora em sua vida de tal maneira que a ausência te leva a momentos de pura nostalgia. Algumas pessoas realmente marcam por possuírem manias bem curiosas.
Provavelmente eu devo ter algumas... só não sei se agradam/agradaram aos que estão ou estavam comigo.
2.9.06
Olhos de paz
Eu não sei como, mas vem acontecendo algo bem legal ultimamente. Cada vez mais acredito que Deus escreve certo em linhas tortas. Ultimamente ando conversando com minha mãe. Sim, não conversávamos ha tempos.
Ela não fala de problemas nenhum e eu não peço p’ra ela parar de falar. São conversas rápidas, mas suaves, que me trazem paz. Eu olho p’ros olhinhos da minha mãe e vejo que ela sente falta disso, de conversar com seu filho. De certa forma eu sinto muita falta de conversar com ela também. E vem sempre acontecendo isso. “Conversando sobre coisas da vida e tendo um momento de paz”.
Não entramos no assunto que eu mais queria. E nem precisamos. Ela já me responde com os olhos. Me traz conforto. É bom ver minha mãe sorrindo e concordando comigo em certos assuntos.
Se você tem/teve atritos constante com sua mãe. Mesmo que você não diga nada, quando ela estiver falando, tente observar o que dizem os olhos dela.
Ela não fala de problemas nenhum e eu não peço p’ra ela parar de falar. São conversas rápidas, mas suaves, que me trazem paz. Eu olho p’ros olhinhos da minha mãe e vejo que ela sente falta disso, de conversar com seu filho. De certa forma eu sinto muita falta de conversar com ela também. E vem sempre acontecendo isso. “Conversando sobre coisas da vida e tendo um momento de paz”.
Não entramos no assunto que eu mais queria. E nem precisamos. Ela já me responde com os olhos. Me traz conforto. É bom ver minha mãe sorrindo e concordando comigo em certos assuntos.
Se você tem/teve atritos constante com sua mãe. Mesmo que você não diga nada, quando ela estiver falando, tente observar o que dizem os olhos dela.
19.8.06
Me observando... de onde?
A cena se repete. É a mesma. Igualzinha aos outros sonhos.
Lá está ela, a menininha sentada me olhando. E eu, sem pronunciar uma palavra, curioso p’ra saber porque aqueles olhinhos tanto me perseguem de um lado para o outro.
Seus olhos singelos, seu leve sorriso no rosto. Seu cabelo castanho claro, quase um loiro angelical. A face corada e os lábios delicadamente rosados. Familiarmente sentada em cima de uma mesa alta, com as perninhas balançando, as mãos apoiadas na mesa, observando tudo que estou fazendo.
Foi então que hoje, depois de tanta perseguição, resolvi perguntar:
- Você é minha filha?
- Sou.
Lá está ela, a menininha sentada me olhando. E eu, sem pronunciar uma palavra, curioso p’ra saber porque aqueles olhinhos tanto me perseguem de um lado para o outro.
Seus olhos singelos, seu leve sorriso no rosto. Seu cabelo castanho claro, quase um loiro angelical. A face corada e os lábios delicadamente rosados. Familiarmente sentada em cima de uma mesa alta, com as perninhas balançando, as mãos apoiadas na mesa, observando tudo que estou fazendo.
Foi então que hoje, depois de tanta perseguição, resolvi perguntar:
- Você é minha filha?
- Sou.
19.6.06
Bendita Halls Preta
Dois meninos, ainda no colegial, brincam como nunca na hora do recreio. Um deles, correndo como lôuco no pátio tem uma grande idéia. Percebe que todos os dias a galera de todas as turmas sempre decide fazer partidas de futebol na quadra ao lado do pátio. Muitas das vezes frustado por ninguém dar ouvidos ao pedidos de "basquete!" "basquete!". E dá início ao seu grande plano.
Vai até a cantina do colégio, compra um monte de balas, dessas que tem vários desenhos de baralhos na embalagem, o suficiente para encher as duas mãos e ser obrigado a carregar na beira da camisa do colégio como se fosse bolsa. Sobe até o segundo andar do colégio que tem uma varanda enorme de frente a quadra e, com ajuda de seu outro grande amigo, joga vários punhados de balas no meio do campo.
- Resfriado?
- Tô.
- Hm.
- Mas agora a gente vai poder jogar basquete, como você tanto queria, né?
- É, eu vou juntar o time.
- Tou nem podendo correr direito... mas eu ajudo a chamar os outros também.
- Po... entra no time também... toma!
- Que é isso?
- Halls preta.
- Tá! E daí?
- Ué... como "e daí"? Toma, bota três na boca e dê três goladas de água gelada no bebedouro, vai!
- Tá lôuco!
Vai até a cantina do colégio, compra um monte de balas, dessas que tem vários desenhos de baralhos na embalagem, o suficiente para encher as duas mãos e ser obrigado a carregar na beira da camisa do colégio como se fosse bolsa. Sobe até o segundo andar do colégio que tem uma varanda enorme de frente a quadra e, com ajuda de seu outro grande amigo, joga vários punhados de balas no meio do campo.
- Resfriado?
- Tô.
- Hm.
- Mas agora a gente vai poder jogar basquete, como você tanto queria, né?
- É, eu vou juntar o time.
- Tou nem podendo correr direito... mas eu ajudo a chamar os outros também.
- Po... entra no time também... toma!
- Que é isso?
- Halls preta.
- Tá! E daí?
- Ué... como "e daí"? Toma, bota três na boca e dê três goladas de água gelada no bebedouro, vai!
- Tá lôuco!
7.11.05
Retrô #2
Outro texto que aprecio muito da antiga Insaminus, talvez por não fazer sentido nenhum.
Lâmina da Alma
Involuntariamente sofrido...
Porque as pessoas usam o silêncio no momento mais impreciso?
Porque deixam escapar a oportunidade de fazer sua escolha?
Ou de pelo menos repudiar solidamente o incômodo presente?
Naquele momento crucial, as palavras não saem...
Deixam-se tomar pela covardia estampada na própria testa
A tradição de inclinar a cabeça procede como reza de domingo
Tão edificada e tão precisa quanto moldada por seus próprios opressores.
Ahh... alma infeliz, sua capacidade vai além do teu grito...
Na hora certa verás que és mudo como um vegetal
Bruto como uma pedra
Obediente como uma sombra
O porquê? Não sei...
Apenas me calo!
em 31/01/2004
28.10.05
Retrô #1
Dou início a séria "retrô" na INSAMINUS. Os meus melhores textos do blog antigo agora publicados aqui. Começo com este que escrevi em 07/01/04. Bastante conveniente diante das catástrofes e turbulência que o mundo anda vivendo!
Um grito humanizado
Basta um espirro para abalar os alicerces da petulância
Basta um gemido pra desmoronar a pose faraônica do saber
Não somos nada
Não somos ninguém
Somos casca de ovo
Um impacto mais forte pra trincar nosso orgulho
Um movimento infalso pra nos romper a vida
Uma mudança de clima pra agonizar por terra
Já não há no mundo o que aprender
Já não há no mundo o que se surpreender
As correntes do progresso evoluem
A epiderme humana ainda congelada e primitiva
Somos petulantes sim, mas somos sábios
Somos nada e ninguém, mas somos casca de ovo
Cascas de ovos podres.
07/01/2004
Um grito humanizado
Basta um espirro para abalar os alicerces da petulância
Basta um gemido pra desmoronar a pose faraônica do saber
Não somos nada
Não somos ninguém
Somos casca de ovo
Um impacto mais forte pra trincar nosso orgulho
Um movimento infalso pra nos romper a vida
Uma mudança de clima pra agonizar por terra
Já não há no mundo o que aprender
Já não há no mundo o que se surpreender
As correntes do progresso evoluem
A epiderme humana ainda congelada e primitiva
Somos petulantes sim, mas somos sábios
Somos nada e ninguém, mas somos casca de ovo
Cascas de ovos podres.
07/01/2004
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