18.10.07

Mãe de todos os vícios – Parte 1

Recentemente falei sobre Vícios Sentimentais aqui na Insaminus, e tenho conversado bastante com amigos meus sobre o tema. Na verdade eu não explicitei a eles o foco do assunto, mas consegui faze-los expor, sem perceberem, as idéias e opiniões sobre os sentimentos que nos movem. E começarei falando sobre a mãe de todos os vícios: o desejo. O estímulo principal que dispara todos as nossas dependências físicas, psíquicas e mentais. Esse vício que nos leva a cometer atos magistrais à hediondos.

Que fique bem claro, antes de tudo, que desejar é natural, é humano, é sadio... e necessário! Através dele que despertamos sentimentos poderosos como a boa ambição, a má ambição, o medo, a inveja, o carinho, a paixão, a sensualidade e o amor. E os nossos desejos fisiológicos também são bem-vindos. É através deles que demonstramos o quanto é importante saciar um desejo.

A mãe de todos os vícios sentimentais é responsável por rabiscar as linhas da vida. Somos empurrados à enxurradas de estímulos, sensações, oportunidades; que nem sempre estamos dispostos a lutar pelo que queremos; mas que muitas das vezes não resistimos a tanta tentação sensorial. Imagens, sons, toques, cheiros, lembranças... tudo isso serve de ferramentas para um vício tão primata que nos acompanha desde os primeiros segundos de vida no ventre de nossas mães.

O desejo desperta o instinto animal. O desejo é pioneiro. É diamante bruto. É primordial. É essencial. É gênesis. Antes de qualquer outro vício sentimental, há o desejo. Seja o paradigma do amor, seja a primazia do orgulho, ou a turbulência do ódio devastador, a avassaladora paixão, o sofrimento da dor e o mais triste dos sentimentos: a saudade.

Com exceção do amor (que dá muito pano p'ra manga) posso dizer que o sentimento como o ódio é o desejo de exterminar um conceito; o orgulho é o desejo de manter íntegro as convicções humanas; a paixão é o desejo de querer mais da pessoa apaixonante; a dor é o desejo de... bem... "toda dor vem do desejo de não sentirmos dor" - Legião Urbana. E a saudade acho que é auto-explicativa, ela é a forma mais clara, mais branda, mais nobre, mas forte da mãe de todos os vícios... esse vício sentimental que nos leva a desejar.

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