27.10.08

Gostos e Aflições

Gosto de falar sobre as estranhezas das pessoas, principalmente as minhas.
Não gosto é de alugar os ouvidos das pessoas, então eu abuso do meu blog... coitado.

Gosto de falar sobre música, principalmente as músicas estranhas, elas são menos enjoativas e perduram mais.
O que eu não gosto é forçar ou ser forçado a escutar uma música.

Gosto de brincar com os números, principalmente os números repetidos. Eles me perseguem.
Não gosto de acreditar muito neles... me assustam.

Aprecio as boas conversas entre os amigos. Na descontração os papos nunca são jogados fora.
Não aprecio conversas paralelas e sem nexo. Ou má interpretações. Ou deduções de acontecimentos não verdadeiros.

Gosto de acreditar num grande amor. Mesmo sabendo (ou não) da sua (in)existência.
Me aflige em não encontrar um grande amor. Ou me dar conta de saber que o perdi.

Gosto de encontrar as coisas boas e fazer bom uso delas. De compartilhar, trocar valores e crescer junto com todos.
Odeio quando me trazem coisas ruins. Principalmente quando eu não estou preparado para enfrenta-las.

Gosto de entender as coisas e saber por onde caminho. Há tantos caminhos a seguir, há tanto o que fazer.
Me aflige o fato de poder perder o meu caminho. E, pior, saber que não há mais nada o que possa ser feito.

[ post totalmente inspirado ouvindo The Shins, Bloc Party, Built to Spill e Blind Melon ]

26.10.08

Últimas Notícias

* Diante das incontáveis promessas de campanha, Eduardo Paes já pensa em reeleição

* Gabeira preocupado com resultado do Ibope: "Opa!"

* Paes confiante com pesquisas do Ibope: "Upa!"

* Criança de cinco anos não aceita esperar até o Natal para receber a boneca da Barbie prometida por Eduardo Paes

* Moradores da Zona Sul protestam, em Búzios, a vitória de Paes

* Velhinha agradece a Paes pela dentadura recebida como promessa de campanha. Validade por 4 anos.

* Gabeira acompanha apuração fumando o tênis.

* Operários de Fábrica de Pás da Zona Oeste se confundem ao votarem nas urnas

* "Eu quero Paes pra mim!", diz menor abandonado

* Pinóquio à Paes: "Esse eu garanto!"

* Paes à Pinóquio: "Você é um bom menino!"

* Paes promete lançar novo "Jogo da memória" para o Natal.

* Correção: Paes promete lançar livro "Promessas de Campanha" para o Natal

* Eleitores do Rio divididos: Vai dar Paes, Gabeira ou praia em Búzios?

* 20% optaram pela praia

* Sérgio Cabral, que não descobriu o Brasil, descobriu um Feriado fajuto na Segunda-Feira.

* Paes sobre sua campanha milionária: "Nem BigBrother paga melhor!"

* BOMBA! Diante das promessas de Paes, autoridades de Londres cedem Olimpíadas de 2012 para o Rio.

* Abelhas invadem ouvidos de 49.17% da população da cidade do Rio de Janeiro

* Curiosamente 49.17% da população do Rio de Janeiro começam a sapatear misteriosamente.

* Moradores da Zona Oeste para Zona Sul: "Vocês estão viajando em votar no Gabeira!"

* Gabeira incentiva o projeto "Urna Eletrônica no Celular". Cariocas em Búzios agradecem.

* "Rosinha em Campos e Eduardo Paes no Rio. Passamos da porta do inferno!" - diz eleitora Aninha

* Beira-Mar revoltado: " Com César Maia, Conde, Sérgio Cabral, Garotinho, Rosinha e Eduardo Paes, não dá pra competir no Rio de Janeiro"

* "Fui apenas o intérprete da mensagem do povo do Rio de Janeiro não apenas a seus políticos, mas para os políticos de todo o Brasil" - diz Paes (oficial).

* "Por isso está essa merda!" - diz eleitor (eu) revoltado (quase oficial)

* Dunga aliviado com promessa de Paes: "O hexa é nosso!"

* Paes é curado do problema crônico na coluna ao realizar cirurgia no nariz

* Gabeira, calmamente, agora vai fumando o paletó e já pensa nas eleições em 2012

* Crise Imobiliária: Bolsas no mundo inteiro voltam a operar em alta com promessa de Paes: "Prometo casas populares para todo mundo!"

* Fernanda Torres ao ver resultado final: "O que é isto, companheiro?"

* Jandira para Paes: "Te aborto! Quer dizer... te adoro!"

* Lula para Paes: "Esse é 10! Quer dizer... 9"

* César Maia para Paes: "Minha cria!"

* Sérgio Cabral para Paes: "Me deve uma segunda-feira"

* Funcionário público para Gabeira: "Foi mal! Pô, feriadão, praia... tentador!"

* McCain para Paes: "Vai uma batatinha?"

* Paes desconversa sobre suposta compra de votos: "Não dá pra falar agora... tá na hora da merenda!"

* Lilian Sá sobre panfletos contra Gabeira: "Só foram 1, 2, 3, 4..."

* Busca "Eduardo Paes" no Google: "você quis dizer... marqueteiro?"

24.10.08

Gabeira 43

Meu blog não é imparcial. Deixo bem claro as minhas opiniões aqui. Estou farto de campanhas milionárias, promessas e promessas, musiquinhas e propostas mirabolantes que nunca são cumpridas.

Abaixo um e-mail que resume bem o meu sentimento perante o 2º turno das eleições para prefeito daqui do Rio de Janeiro:

"Meu caro amigo,

Quantas vezes você assistiu candidatos prometerem e se comprometerem? Quantas vezes você os viu cumprindo o que afirmaram na campanha? Campanha é uma coisa e governar é outra, diriam alguns. Estou cansado de ouvir isso.

Confesso que levei muito tempo para absorver a magistral frase do falecido governador Mario Covas: “no final de contas, eleição é uma disputa de carater.”

Esta frase do nosso saudoso político santista, conhecido pela sua seriedade no trato com o bem público e pelo respeito ao cidadão, se aplica agora quando vivemos um momento em que o marketing é capaz de colocar na boca de qualquer político a mensagem que é conveniente para o momento.

Assim sendo, com dinheiro para pagar uma boa pesquisa do que o eleitorado quer ouvir ou quer se seja feito, com mais dinheiro para pagar um iluminado marketeiro para traduzir em uma forma retumbante e cheia de credibilidade o que os eleitores querem ouvir e na forma em que querem ouvir, um político bisonho e sem expressão se torna carismático e aparece bem na fita, iludindo o eleitorado.

Na eleição do Rio, eu vou votar como Mario Covas – vou votar no carater, no que eu conheço e não tenho dúvidas pelo que já demonstrou e pelo passado que pode ser mostrado a qualquer um sem medo de ser criticado por ter enganado a quem quer que seja. No passado, muitas ações podem ter sido feitas e que hoje merecem críticas, mas sempre foram ações coerentes com suas convicções e nunca objeto de enganação ou de busca de vantagem pessoal.

Por isso, meus amigos eu vou de Gabeira e peço seu voto para ele."

19.10.08

A Guerra dos Sentimentos

Era uma sala grande. Mais ou menos do tamanho de uma aula de aula. Os sentimentos estavam quase todos ali para uma reunião. Conversando e discutindo sobre coisas da vida, sobre como os humanos se portavam perante suas doses químicas nas veias sanguíneas e sobre a importância da existência dos mesmos. Eram todos vaidosos e cada um defendia sua importância. Até que entrou pela porta, cheio de si, o desprezo.

- Desafio qualquer um aqui dentro sobre qual sentimento é o mais predominante entre os humanos. O mais forte. O mais resistente e o mais maligno. - disse. Curiosos, os demais sentimentos procuraram saber do motivo do desafio. O desprezo prontamente respondeu:

- Não acredito que alguém aqui consiga ser mais forte e mais duradouro que eu. Eu sobreponho todo e qualquer tipo de sentimento aqui dentro. - completou o desprezo. Alguns dos sentimentos ficaram alvoroçados, outros preferiram não se meter, mas logo o amor tomou a palavra.

- Eu sou duradouro. Eu sou imortal. Sobrevivo até mesmo depois da morte. - disse.

- Eu não acredito em você. Você tem várias caras. Não tem definição. Não dorme, não come, não anda. Uns dizem seu nome em vão. São falsos com você mesmo. Te confundem com paixão, com avareza, com ciúmes. Pois você não tem forma. Na luta dos sentimentos é o primeiro a morrer. Você, no coração das pessoas, é o mais fraco. O mais ilusório. Você é utópico. Você, amor, é inexistente. - devolveu o desprezo. Diante destas palavras o amor caiu em prantos... e foi afogar as lágrimas ao lado do seu melhor amigo, o ódio.

- Alguém mais? - perguntou o desprezo.

- O que mais faz estrago entre as pessoas sou eu. Sou benevolente as vezes, mas com certeza sou o sentimento mais temido de todos. - disse a solidão.
- Vejo que você não haje sozinha. Para que você existe deve existir a arrogância. As pessoas que são arrogantes encontram você. É através da arrogância que você existe. Todos ficam esperando por um pouco de atenção, mas não prestam sequer a vontade de trocar valores entre elas. Na verdade, solidão, para que você exista deve haver inúmeros sentimentos ruins como você. Desde a arrogância, o orgulho, o preconceito... inúmeros sentimentos te alimentam... e você não é nada sem eles. Sem eles você não existe. - disse o desprezo. A solidão ficou paralisada. Imóvel. Ninguém foi ajuda-la. Sozinha ela cai no chão em estado de choque.

- Vejo que ninguém é páreo à minha existência. - debochou o desprezo.

- Eu trago o que todos buscam. Os humanos me querem. Eu sou o motor da vida deles. É em mim que depositam todas as suas apostas. Sou o norte. Sou o que chamam de felicidade. - disse a felicidade. O desprezo riu compulsivamente. Debochadamente. Desconcertadamente.

- Você!? Não me faça rir. Para aqueles que te procuram, procuram porque são egoístas. As pessoas estão fechadas em seu mundinho particular, em seu pequeno espaço de terra e dizem que isso é a felicidade. Você morre na primeira turbulência que uma pessoa passa. Em questões de segundo eu posso levar a pessoa do céu ao inferno. Você é frágil. É quase inalcançável. E, quando alcança, a sua existência é tênue. Diga-me, se todos estão à sua procura, porquê você insiste em se esconder? Outra coisa, porque você só bate à porta das pessoas erradas? - perguntou o desprezo.

De tanto pensar numa resposta, a felicidade cansou-se e sentou-se.

- Você é muito cheio de si, desprezo. Eu não acredito em seu desafio. Sou ou pior dos sentimentos. Eu domino todos os corações humanos. Sou o mais temido. Eu sim sou o motor deste mundo. As pessoas trabalham, comem, se divertem, se relacionam por temerem a mim. Eu trago inúmeras aflições aos corações das pessoas e com isso eu controlo o mundo. Controlo a medicina. A estética. O dinheiro. O progresso. - disse o medo.

- Não é o mais forte. As pessoas temem mais a mim. Para quem tem desprezo pelas coisas não faz jus ao medo. - simples assim disse o desprezo. O medo sem reação tentou se esconder de temor.

- Vejo que não há sentimento à minha altura. Quando há meu sentimento no coração das pessoas ele é predominante. Em quem despreza e principalmente em quem é desprezado.

Os sentimentos ficaram quietos, aterrorizados. Os bons sentimentos tentavam se unir no canto da sala, mas a impaciência não deixava que estes se organizassem. A vergonha quis se defender mas, como sempre, não teve a ajuda da sua amiga coragem. A dor, incapaz, só gemia. A tristeza, sempre inconstante, tentava ganhar forças nos braços da saudade. Parecia o fim. O desprezo teria razão... no coração das pessoas realmente ele era o sentimento mais poderoso. Mais mortal. Mais maligno.

Em meio a repentina glória ao desprezo, eis que entra na sala uma jovem de cabelos cumpridos. Nem alta, nem baixa. Nem gorda, nem magra. Nem branca, nem negra. De olhos e cabelos verdes.

- Como sempre, atrasada. - disse o desprezo. E completou: - tenho boas notícias. Eu sou o sentimento que predomina nos corações dos humanos. Sou o mais terrível. O mais maligno. O mais mortal. O mais temido. Ninguém conseguiu provar o contrário. Ficou bem claro aqui.

- Eu reconheço sua enorme força. Você é como um relâmpago. É um clarão forte de energia acumulada que se propaga pelos ares e depois some, impunemente. Você corta os corações das pessoas e não se importa com isso. Você destrói a bondade das pessoas. Você abre margens para a intolerância. Você finge adormecer... mas ao agir é como uma faísca em um mar incandescente. E quando menos as pessoas percebem há o seu tremor, há o trovão, a voz da sua ira. Mas saiba, desprezo, a mim você não assusta. Há movimento lá fora. Por mais que você convença as pessoas do contrário, eu sempre estarei com elas. Sabe porque? Porque mesmo que você mate todos os sentimentos desta sala a mim você não vai conseguir matar. Eu tenho inúmeros nomes... mas sou um único sentimento. Para quem acredita em mim você não vale nada. Tenho pena de ti e daqueles que lhe mantém vivo no coração. Mas saiba que para todos, até mesmo para aqueles que sofrem com sua estadia, ao pronunciar um único nome você já era. Tenho nome de fé. De compaixão. De misericórdia. Tenho nome de esperança.

Sem ter forças, o desprezo viu o seu fim diante da imensidão do verde da esperança. Derrotado se ausentou da sala.

- E vocês – completou a esperança aos demais sentimentos – cuidado com os poderes que vocês possuem. Não há sentimento bom. Não há sentimento mal. Não tentem ser uns melhores que outros. Vocês existem por se complementarem. Usem os poderes de vocês na dose certa e viverão em harmonia. Mas saibam que se algo der errado, será meu nome que irão chamar. E aquele que me chamar e acreditar em mim esterei pronta para acabar com qualquer um de vocês. - e ainda completou:

- E você, amor... a quem chamam de duradouro. Não há problema de ser indecifrável. Mas seja verdadeiro. Na minha ausência você será o síndico da casa. Será o síndico nos corações das pessoas.