12.7.06

Contos #2

- É alto, né?
- É!

( pausa )

- Você fuma!
- Não... odeio cigarro.
- Faz bem! Cuide de sua saúde.
- Na verdade, disso nunca deixei de cuidar.
- E do que não cuidou?
- De muitas coisa que só fizeram sentido depois que fugiram do meu controle.
- Entendo...

( longa pausa )

- Seria legal se todos entendessem também.

( pausa )

- E precisa de entendimento?
- Precisa. Eu sempre tentei fugir das coisas ruins, do meu modo.

( pausa )

- Pelo menos você tem a vista.
- Só que dura pouco.
- Faça durar. Vai estar sempre aqui.
- Não... não estará aqui.
- Talvez... no momento certo.
- Provavelmente eu devo merecer tudo isso que estou passando, só não contava que acontecesse num momento bom da minha vida.
- E nos maus momentos?
- Eu mantenho vivo os bons momentos, que ironicamente são os que mais me machucam.... já os demais eu costumo esquecer...
- E o que te faz esquecer?
- A pressão dos que me sufocam mantendo vivo o que nunca me agradou.
- Erros?
- Alguns sim, outros talvez.
- Cobranças?
- Não mais... porque talvez não faz mais sentido.
- Ruim seria se existisse resposta para tudo...

( pausa )

- Acredito que chegou o fim do meu livro dos dias.
- Rescreva-o. Esta é só a primeira edição.
- É uma história chata...
- Que pode terminar com um belo pôr do sol...
- Como este...

(longa pausa)

- Bom... eu vou indo. A gente ainda se encontra lá em cima.

10.7.06

Contos #1

- Bom dia!
- Bom dia, querido...
- Dormiu muito, ein... rs
- Pois é, hoje passei da conta.
- Descançou?
- Não.
- Então aproveitamos bem a noite, não é? rsrs
- É, digamos que sim.
- Digamos que sim?
- É. Foi como sempre.
- Você está legal?
- Não. Quer dizer, mais ou menos.
- Aconteceu alguma coisa?
- Mais ou menos.
- Falei alguma coisa errada na nossa noite?
- Não.
- O que aconteceu então?
- Tá esquisito.
- Comigo?
- Não.
- Com a gente?
- É, mais ou menos... talvez.
- Diz o que houv...
- Querido, precisamos conversar!

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- Ei, moço, moço.
- Oi!
- Sua carteira, você esqueceu sua carteira.
- Nossa! Onde eu estava com a cabeça? Deixei no balcão, não foi?
- Foi sim.
- Obrigado, mocinha... creça e continue sempre com sua honestidade.
- Sim...! rs
- Esse mundo precisa mais dessa ingenuidade infantil, dessa pureza!
- Ingenu... o quê?
- Ahah... deixa pra lá. Olha você merece um prêmio, vou te dar um trocado para você comprar um doce, tá.
- Não... não precisa.
- Precisa sim, você merece.
- Não... só fiz só o meu dever.
- Nossa! Estou espantado com você, mocinha. Além de sua enorme honestidade, é ciente de sua cidadania. Merece uma gratificação sim...
- Mas é q...
- Ué... eu tinha algumas notas de dez e de cinquenta aqui.
- ...