Deprecia-se...

...se for capaz.

Alguém que disse para alguém que não disse nada.

"Antigamente eu não suportava a intolerância e a incompreensão, mas os tempos mudam. A cabeça da a gente muda conforme somos nocauteados pela carga de hipocrisia que move o mundo. Não acredito que o mundo esteja caminhando para o seu fim, não convém às partes, não acredito que algo tão trágico possa acontecer assim, a não ser que seja obra do divino.

A humanidade caminha no limite da sanidade. E se conforta com a loucura que turva os seus olhos. Existe a cegueira e o comodismo de um lado, o suor e a decepção no centro e o descaso e prepotência do outro. A mente humana anda tão distorcida que até em sonhos as pessoas comentem loucuras. Os pesadelos não são tão constantes, pois já convivem suficientemente com as seqüelas adquiridas com o tempo. Sejam elas quais forem, desde na ligeira alteração de voz aos berros na madrugada não tão silenciosa assim.

Mudar não está na moda. A televisão prova isso nas novelas. Ela insiste em glamourizar as classe D e E do jeito que elas não deveriam ser. Que fiquem por lá. Os vilões são elegantes e o principal é inconveniente. Casamento não é uma instituição tão falida assim, há lucro e alta audiência em separar um casal nas tramas vampíricas.

Outro dia dona Joana se lembrou de chorar pela morte do marido no velório, mas quem se importa? Pelo menos este morreu velho, pelo menos. Depois disso ela até tentou escutar mais o próximo, mas percebeu também que as pessoas falam demais. Acho que ela morreu de solidão.

Não sei o que está havendo nem o que virá a acontecer. Alguns dias atrás um senhor, dono de um Fusca verde, estava preocupado com o futuro de sua filha pequena e dos netos de seus grandes amigos. Pelo menos há alguém que se preocupa com alguém. Em que lado ele estaria? Talvez no centro. Os que estão comigo não são tão claros como ele.

A loucura das pessoas passam por despercebidas, e é o mundo que lucra com isso. Antigamente eu não suportava a intolerância e a incompreensão... hoje eu não suporto a loucura... e com certeza amanhã, finalmente, irei repudiar a hipocrisia."