30.10.07

Miopia em águas turvas!

"Os peixes não falam. Mas as pessoas falam demais."

É como se algo sempre te puxasse pra trás. Você tenta nadar junto à maré, mas sempre tem uma linha que impede em ser livre.

Já cansei de ficar nadando contra a correnteza. Cansei de bancar o salmão e encarar subir cataratas numa atitude quase suicida. Acho que a única maneira de provar que sou eu mesmo É SER eu mesmo. Não preciso provar mais nada p’ra ninguém. Tem horas que não dá mais p’ra ser bonzinho e nessas horas algumas atitudes mais ríspidas devem ser tomadas.

Parece que o momento é o que importa. Do nada esquecem os valores, as histórias, as origens e as dores. Toma-se a visão instantânea como a grande verdade absoluta. Quem está de fora nunca percebe os detalhes. Tudo é distorcido. Mal julgado. É a Miopia do Ofício!

Que inferno! Parece que não aprendeu nada das lições que a vida, pacientemente, ensinava. Só que dessa vez, vou deixar de absorver as coisas ruins e passar a dar valor aos que realmente querem agregar valores!

"Peixe fisgado pelo anzol, quando se livra, viverá eternamente com a boca cortada!"

24.10.07

Encarando a Felicidade

Ainda em pós reflexão por ter lido o livro A Última Grande Lição: O sentido da vida (Tuesdays with Morrie) de Mitch Albom, me perguntei recentemente o que determina a felicidade de uma pessoa. As dúvidas foram aumentando quando presenciei no Hemorio crianças, carecas, correndo de alegria para o pátio externo do hospital por saberem que finalmente estavam indo para casa. E aumentaram terrivelmente quando folheei o álbum de fotos das obras sociais que minha mãe participa. No álbum continha algumas fotos antigas e outras recentes.

Encaro a felicidade como estado de espírito pleno de paz. E este estado de espírito é mutável, varia pela idade, pela situação e pelo momento. A criança, por exemplo, precisa de amor, educação, alimentação, agasalho, atenção, lazer e sorvete. Mas a felicidade que a criança desenha em sua mente, as vezes, se limita apenas ao lazer e sorvete. Porém os adultos, geralmente os pais e responsáveis, sabem que as demais necessidades são importantes para suas crianças e dão o que precisam.

A idade vai avançando e criamos outras imagens do que é a felicidade. Conforme o entendimento de "noção de mundo" vai se aprimorando, criamos algumas prioridades para atingir-mos o estado pleno. Pessoas são felizes apenas suprindo suas necessidades fisiológicas. Há outras que se contentam em manter a estabilidade profissional. Outros vão mais além, procuram afeições sociais como ser aceito perante a sociedade, ser amado etc. O estado seguinte é a auto-estima, ser reconhecido, ser apreciado e respeitado, ser visto como líder. E por último, a felicidade se faz presente apenas quando o indivíduo atinge o aperfeiçoamento interior. Esses "estágios" são chamados de Hierarquia de Maslow.

A felicidade momentânea é aquela que é disparada por receber uma bela notícia, por ver uma bela imagem, por ouvir uma música, sentir um cheiro. É a felicidade do "fechar dos olhos", ou a "felicidade das lembranças". É muito perceptível quando conversamos com pessoas mais velhas que tem muito a nos dizer. Essa felicidade é frágil, pois ao abrirmos os olhos nos deparamos como mundo real mudando as belas sensações para a mais profunda tristeza, depressão ou saudade. (Seria a saudade uma forma de felicidade nostálgica? Outro questionamento que acabei de levantar!)

Bom. Eu vivo uma felicidade inconsciente. Isso mesmo. As vezes eu encaro as coisas como as mais belas do mundo. E no instante seguinte, algo chacoalha a minha mente como me acordando. Não sei se é o momento de transição que a Tri-Force está sofrendo. Não sei se é porque eu gostaria de ter vivido parte das recordações registradas no álbum de fotos da minha mãe. Não sei se estou banalizando meus conceitos de felicidade. E sutilmente ela apareceu em crianças doentes que gritam de alegria ao irem pro pátio num dia lindo de um sol radiante.

Felicidade... gosto de pensar nisso.

20.10.07

730

Ah, sim.
Esta Insaminus completa dois anos. Juntando com a antiga do Blogger.com.br, somam quase quatro anos. Acho que me orgulho disso. Gosto de escrever e consegui desenvolver muito a escrita, principalmente no ano de 2006.

Para o blog. Bom... se aplica o mesmo que publiquei há exatos 365 dias.

18.10.07

Mãe de todos os vícios – Parte 1

Recentemente falei sobre Vícios Sentimentais aqui na Insaminus, e tenho conversado bastante com amigos meus sobre o tema. Na verdade eu não explicitei a eles o foco do assunto, mas consegui faze-los expor, sem perceberem, as idéias e opiniões sobre os sentimentos que nos movem. E começarei falando sobre a mãe de todos os vícios: o desejo. O estímulo principal que dispara todos as nossas dependências físicas, psíquicas e mentais. Esse vício que nos leva a cometer atos magistrais à hediondos.

Que fique bem claro, antes de tudo, que desejar é natural, é humano, é sadio... e necessário! Através dele que despertamos sentimentos poderosos como a boa ambição, a má ambição, o medo, a inveja, o carinho, a paixão, a sensualidade e o amor. E os nossos desejos fisiológicos também são bem-vindos. É através deles que demonstramos o quanto é importante saciar um desejo.

A mãe de todos os vícios sentimentais é responsável por rabiscar as linhas da vida. Somos empurrados à enxurradas de estímulos, sensações, oportunidades; que nem sempre estamos dispostos a lutar pelo que queremos; mas que muitas das vezes não resistimos a tanta tentação sensorial. Imagens, sons, toques, cheiros, lembranças... tudo isso serve de ferramentas para um vício tão primata que nos acompanha desde os primeiros segundos de vida no ventre de nossas mães.

O desejo desperta o instinto animal. O desejo é pioneiro. É diamante bruto. É primordial. É essencial. É gênesis. Antes de qualquer outro vício sentimental, há o desejo. Seja o paradigma do amor, seja a primazia do orgulho, ou a turbulência do ódio devastador, a avassaladora paixão, o sofrimento da dor e o mais triste dos sentimentos: a saudade.

Com exceção do amor (que dá muito pano p'ra manga) posso dizer que o sentimento como o ódio é o desejo de exterminar um conceito; o orgulho é o desejo de manter íntegro as convicções humanas; a paixão é o desejo de querer mais da pessoa apaixonante; a dor é o desejo de... bem... "toda dor vem do desejo de não sentirmos dor" - Legião Urbana. E a saudade acho que é auto-explicativa, ela é a forma mais clara, mais branda, mais nobre, mas forte da mãe de todos os vícios... esse vício sentimental que nos leva a desejar.

14.10.07

A Transição

Existia uma casa pequena, no alto daquela colina. Num lugar onde chovia constantemente e sempre fazia frio. Os donos da casa recebiam muitas visitas e sempre serviam chá com bolinhos aos convidados. A musicalidade era presente, o amor pairava por sobre a relva diante das árvores, dos rios, dos animais, de todos os habitantes.

A casa foi vendida. Os moradores mudaram. Precisaram sair. Não chovia mais. Não fazia mais frio. Acabou o chá. O forno quebrado não conseguia assar mais bolinhos. Esqueceram as músicas. Cortaram as árvores. Poluíram os rios. Mataram os animais. O amor acabou.

As pessoas esqueceram. Se esqueceram. E fazem questão de esquecer.

Mas existe um lugar onde o tempo não passa. Um lugar que serve de varanda para vida. O elo dos tempos. Lá você pode observar o nascimento do sol num horizonte enquanto contempla o crepúsculo no outro. Um ciclo que se fecha.

Um lugar de transição. Um lugar onde a verdadeira essência não morre.

(texto incompleto... indeciso... sem finalidade... até porque a história não termina por aqui)

2.10.07

Os Autores

Uma criança se aproximou e me perguntou "Moço! O que você tem?". Parei, fiquei olhando p’ro menininho e demorei p'ra responder "Só o médico sabe, pequeno.". E devolveu um "Aahhm!". Tou cansando de ficar falando da minha pessoa. Não preciso despertar interesse da minha vida p'ra ninguém.

Prefiro falar deste menino, de olhos amêndoas, que se preocupou comigo na manhã de quinta-feira do mês de Junho.

Prefiro falar do re-encontro de grandes amigos, que antes estavam doentes e hoje estão de volta curtindo cada momento com os mais próximos.

Prefiro lembrar daquela senhora, que não sei o nome, que TODO SANTO DIA ela percorre a Rua da Matriz, quase meia noite, com monte de sacolas na mão com comida para gatos e cachorros, colocando os potes de ração por baixo dos portões dos terrenos abandonados.

Prefiro reconhecer em como é impressionante a sabedoria que minha mãe possui para tirar essa grande família de situações difíceis.

Prefiro mencionar o valor e a dedicação dos voluntários que trabalham vendendo canetas nas ruas com propósito de arrecadar fundos para instituições carentes.

Eu não conhecia aquele menino...
Mas mesmo assim se despediu dizendo "Você vai sarar, viu?".
E deu tchau.